segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Pentecostalismo X Racionalismo

 

Pentecostalismo X Racionalismo

O culto à Razão: Em busca dos fundamentos


O ESPÍRITO DA ÉPOCA DA RAZÃO - Introdução:

A Idade Média e a Reforma foram séculos de fé no sentido de que a razão servia à fé, de que a mente obedecia à autoridade — no caso dos católicos, a autoridade da Igreja; no caso dos protestantes, a autoridade da Bíblia (no caso dos católicos, o Ser de Deus, a Criação, Moral, Ser de Cristo e sua obra). Em ambos os casos, porém, a palavra de Deus tinha primazia, e não os pensamentos humanos, e a preocupação básica do homem nesta vida era sua preparação para o porvir.

Depois surgiu o a época da razão que era nada menos do que uma revolução intelectual, uma maneira totalmente nova de olhar para Deus, para o mundo e para si mesmo; podemos dizer que esse foi o nascimento do secularismo. 

A época da razão repudiou toda a história cristã, substituindo a fé pela razão, e a preocupação básica do homem já não era mais a preparação para a próxima vida, mas a felicidade e a realização neste mundo; e a mente do homem, não sua fé, era o melhor guia para a felicidade — não as emoções, os mitos ou as superstições.

Isto iniciou-se com a Renascença antes da Reforma Protestante e gerou vários pensamentos filosóficos como: Racionalismo/ Iluminismo / Deísmo / Liberalismo Teológico.

1. A RENASCENÇA: Antes da Reforma

A palavra significa renascimento e refere-se à recuperação dos valores das civilizações clássicas grega e romana que foram expressos na literatura, na política e nas artes.

A leitura do texto em seu idioma original, por sua vez, era o nível mais elevado nessa iniciativa de edificação da alma. Todos os principais reformadores adotaram essa abordagem humanista renascentista aos textos e passaram a acreditar que precisavam ter contato com a Bíblia em seu idioma original. Talvez o melhor exemplo da volta do espírito classicista tenha sido Erasmo de Roterdã (1467-1536).

Saiba mais sobre a Renascença clicando no Link: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/08/renascimento-e-humanismo.html    

A Renascença tinha uma visão positiva da natureza do homem e do universo em si. Essa confiança no homem e em suas capacidades floresceu e espalhou-se pela atmosfera do Racionalismo e Iluminismo.

2.O Racionalismo:

O Grande Racionalismo Clássico (1600): Depois da Reforma 1517

Principal Pensador: René Descartes (1596-1626)/ Influências: Aristóteles / Definição: O racionalismo é em parte, a base da Filosofia, que prioriza a razão como o caminho para se alcançar a verdade/ Objetivo: O racionalismo tem como principal objetivo teorizar o modo de conhecer dos seres humanos, não aceitando qualquer elemento empírico como fonte do conhecimento verdadeiro. O racionalismo defende que a única forma plausível e aceitável de conhecimento correto do ser humano é a razão e a capacidade de raciocinar (Física/ Química/ Biologia). Para os filósofos racionalistas, todo o conhecimento que advém da experiência prática (empírica) deve ser rejeitado, pois é passível ao erro e pode nos enganar. Nesse sentido, filósofos como o francês moderno René Descartes propõem uma espécie de ceticismo quanto ao conhecimento proporcionado pela experiência captada pelos sentidos do corpo.

2° Esta filosofia gerou o ceticismo: Só é real, verdadeiro aquilo (concretas, visíveis) que pode ser analisado, estudado e comprovado racionalmente; Utilizam-se do método científico para comprovar os fenômenos naturais e saber de fato o que é verdade e o que é mito;

Problemas:

A) Cristianismo: Desconsidera os milagres, o sobrenatural, fortalecendo o ateísmo (Deus não existe) – Pois não posso ve-lo e comprova-lo cientificamente, aqui se fundamenta as teorias como o Big-Bang e o Evolucionismo; Mas a Bíblia Sagrada, não que ela precisa disto para ser verdade, dia após dia vem sido respaldada pela ciência e arqueologia e tantas outras disciplinas.

B) Pentecostalismo: Os cessacionistas infelizmente caíram nos laços desta filosofia:

1° e 3° Crítica Cessacionista: As experiências do pentecostalismo não devem servir como fonte de conhecimento, por que valoriza a experiência dos dons espirituais, principalmente o falar em línguas e os dons (carismáticos), mas estes já cessaram com a morte do último apóstolo.

Com isto, eles não creem na atualidade dos dons (carismáticos), tentam explicar cientificamente o fenômeno da xenoglossia (o dom de falar em outras línguas), dizem que é apenas um relaxamento mental.

No período que marca a virada do século 16 para o 17, alguns teólogos começaram a atacar o calvinismo, através do uso da razão. De uma maneira geral, reagiram à confessionalidade e à disciplina, chamando-as, respectivamente, de dogmatismo e intolerância. Nos anos que se seguiram ao Sínodo de Dort (1618-19), que tratou da controvérsia arminiana na Holanda, os adeptos do uso da razão ou racionalistas, por fazerem oposição ao calvinismo, foram englobados no contexto arminiano, pois, especialmente na Holanda reformada e na Inglaterra puritana, quem não era calvinista era tido como arminiano. Essa classificação generalizada, por algum tempo, serviu para encobrir os racionalistas. https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2018/11/4-As-ra%C3%ADzes-hist%C3%B3ricas-do-liberalismo-teol%C3%B3gico-Jos%C3%A9-Roberto-da-Silva-Costanza.pdf 

Depois os calvinistas organizaram a Assembleia de Westminster (1643-1649) que constituiu o ponto culminante na elaboração confessional reformada, a Confissão de Westminster o qual tornou-se os padrões doutrinários mais aceitos pelos reformados ao redor do mundo. 

Baseados na Sola Scriptura, afirmam que só a Escritura é a única fonte de revelação válida, concordamos plenamente, mas o problema, é a leitura que eles fazem da Bíblia (interpretação e dedução), se acham donos da verdade, portanto qualquer coisa que não coaduna com o modo de pensar deles, é falso.

A Confissão de Fé de Westminster 1647 (Reformada – Cessacionista).

A CFW é cessacionista. E, isto pode ser comprovado com base em três preposições extraídas de seu primeiro capítulo: http://bereianos.blogspot.com/2014/06/a-confissao-de-fe-de-westminster-e.html

1. A cessação da revelação especial pelos antigos modos – CFW I.1

2. A declaração da suficiência das Escrituras: “nada se acrescentará” – CFW I.6

3. O Espírito Santo fala por meio da Escritura Sagrada – CFW I.10

Baseados aqui afirmam que:

A) Dom de profecia cessou: os dons de Apóstolos e Profetas foram necessários até a formação do Cânon; Então deduzem, se a revelação está completa (tudo está Bíblia), hoje já não temos mais Apóstolos e Profetas, pois estes dons já cessaram, assim não precisamos mais de nenhuma revelação através das profecias, portanto este dom já não existe mais, ele cessou.

“Se o dom do apostolado acabou, então outros dons podem ter cessado também, uma vez que o fundamento foi lançado pelos apóstolos e pelos profetas (Efésios 2.20). Concluo a partir desse ponto que o dom de profecia também cessou”; Publicado pelo Blog: Voltemos ao Evangelho - Editora Fiel: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/07/pentecostalismo-biblico-e-historico.html

Refutação: Quem é que pode afirmar quais dons cessaram? Não há nenhuma referência bíblica dizendo que o dom de profecia cessou, simplesmente ele faz uma dedução, se esta dedução sobre a dom de profecia estivesse em outro texto bíblico, OK! Mas não têm! Eles confundem o dom de profecia com o dom de profeta, é bom discernirmos que existe o dom de profeta (Ef 4.11) e o dom de profecia (1Co 12.10), o fato de profetizar não quer dizer que alguém exerce o ministério de profeta, por exemplo das filhas de Filipe (At 21.9) elas profetizavam mas não eram profetas.

Outro artigo que defende a mesma ideia: “Parece de fato lógico pensar que os dons revelacionais não estão mais em atividade no mundo justamente porque Deus já revelou tudo o que era necessário para nossa salvação e aperfeiçoamento espiritual, e estas coisas estão registradas na Bíblia (2Tm 3.16-17). Tudo o que uma pessoa precisa para ser "perfeito e perfeitamente habilitado para boa obra" já foi registrado na Escritura (2Tm 3.17). Então, qual seria o sentido de Deus continuar revelando mais coisas assim? Por isso, quando continuamos buscando novas formas de revelação normativa, de certo modo estamos dizendo que o registro bíblico é insuficiente, e esta, sem dúvida é uma atitude perigosa”. Igreja Presbiteriana de Santo Amaro: https://www.ipsantoamaro.com.br/Artigos/a-respeito-dos-dons-espirituais-continuacionismo-ou-cessacionismo.html

Refutação: De fato cremos na revelação normativa (Regra de fé e conduta) de Deus na sua palavra; Paulo afirma que eles inspirados pelo Espírito Santo poderiam ministrar, entregar a mensagem profética para igreja e não temos como afirmar qual o conteúdo destas profecias, pois elas não precisam necessariamente tratar de assuntos como salvação, santificação, Pessoa e obra do Senhor Jesus, contudo, seja qual for a mensagem, se ela realmente for de Deus e estiver compatível com a Bíblia Sagrada, ela será para a edificação, exortação e consolação (1Co 14.3). Há grande indícios de acharem que os pentecostais concordam com o conceito de Montano 150 d.c, que dizia que estava na era do Espírito Santo e que este ainda trazia “novas revelações” pois as Escrituras não eram suficientes. Aliás, Deus pode hoje usar uma pessoa em profecia, trazendo uma mensagem semelhante a de um texto bíblico em que a igreja deve se atentar naquele momento, mesmo nós tendo a Bíblia Sagrada como uso individual para nos alimentar espiritualmente, Deus usa os seus servos para nos trazer ensinos, que nós até mesmo conhecemos mas que precisamos ouvir e nos atentar naquela ocasião.

Outro argumento: “O que algumas pessoas atualmente chamam de “profecias” são na verdade impressões de Deus”. “Eu amo meus irmãos e irmãs carismáticos, mas o que eles hoje chamam de “profecia” não é na verdade o dom de profecia bíblico. Impressões dadas por Deus não são a mesma coisa que profecias”. Publicado pelo Blog: Voltemos ao Evangelho - Editora Fiel: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/07/pentecostalismo-biblico-e-historico.html

Refutação: Bem como este cessacionista relatou: “algumas pessoas atualmente”; “irmãos e irmãs carismáticos”. A questão é: Quem são estas pessoas que ele se refere? Um neófito na fé? Algum fanfarrão no meio pentecostal ou neopentecostal? Se for, também concordo! Mas pelo que vejo, ele desconhece as verdadeiras manifestações espirituais no meio de pessoas sérias, convertidas à Cristo, separadas do mundanismo, que conhecem e amam a palavra de Deus e aguardam à segunda vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O problema, é que muitos querendo defender suas teses ou desqualificar um grupo, não recorrem as fontes originais, não observam as várias correntes possíveis dentro daquele segmento e usam justamente os “frutos verdes e podres” para construírem seus argumentos, assim como o “povão” faz com os padres, pastores, políticos e tantos outros. Pessoalmente já recebi muitas profecias e muitas delas se cumpriram fielmente na minha vida! Infelizmente existem falsos profetas que lançam as suas “profetadas”, mas isto não desqualifica os verdadeiros profetas e as genuínas profecias; Deus ainda fala hoje, não somente pelas Escrituras mas também através de servos e servas.

Acerca da profecia e o Sola Scriptura: https://open.spotify.com/episode/344mNBswq4Mqszek0kbaDa?si=KRi1iPghQYe0QGVd3E6GcQ 

B) Dom de línguas cessou: “Em 1Coríntios 14.1-5 e Atos 2.17-18 também sugerem que as línguas, quando interpretadas (ou compreendidas), são equivalentes à profecia. Parece, então, que os dons de profecia e de línguas estão intimamente relacionados. Se a profecia já cessou, então é provável que as línguas também tenham cessado”.

Refutação: Onde está escrito que o dom de profecia e de línguas cessaram? O problema está na sua simples dedução e ele confunde o dom de profeta com o dom de profecia. É bem provável também, que ele desconheça o fato de que muitos dons, incluindo os dons carismáticos, se manifestaram mesmo depois da morte dos apóstolos. Apesar de termos poucos registros (protestante e secular), eles comprovam esta verdade e atualmente historiadores sérios estão revisando a história da igreja para inserir estas muitas manifestações que ocorreram.

Outra Crítica Cessacionista: Baseado nisto, eles afirmam que as línguas da Bíblia Sagrada eram idiomas inteligíveis e as línguas de hoje são incompreensíveis, pois isto não são legítimas.

“Também não é convincente dizer que o dom citado em 1Coríntios 12-14 é de natureza diferente (isto é, expressões de êxtase). A palavra “línguas” (glōssa) denota um código linguístico, uma linguagem estruturada, e não vocalização aleatória e livre”.

Ou seja, as línguas da Bíblia era um idioma (palavras definidas, claras) e as línguas de hoje balbucios (palavras indefinidas, monossilábicas-repetitivas).

Refutação: Gutierres Siqueira

O fato de dizer que a língua sobrenatural no Novo Testamento era apenas idiomas humanos não leva à conclusão que a glossolalia atual seja falsa. Isto só seria possível se provasse (ou tentasse provar) exegeticamente e hermeneuticamente a cessação do dom de línguas para a Igreja Cristã depois da era apostólica. Isto é deixar a teologia de lado e se dedicar à antropologia e suas derivações – como a linguística. É querer racionalizar, comprovar humanamente o dom de línguas que é algo sobrenatural. Entre pentecostais há especialistas em grego e hebraico, poliglotas, linguistas e aqueles que trabalham com comunicação… É até ofensivo insinuar indiretamente que essas pessoas não sabem discernir entre o balbuciar infantil e um idioma.


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