quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Lição 2 Uma Salvação Grandiosa


INTRODUÇÃO: O autor dá início à seção de Hebreus 2.1-18 com uma forte exortação. Era necessário por parte dos crentes maior firmeza em relação as coisas espirituais. O que o autor observava entre eles era certa letargia e negligência diante de um fato de tão grande importância como é a salvação. Nesse aspecto a resposta devia ser dada por meio do retorno às verdades anteriormente ouvidas e que haviam sido esquecidas. Isso era de suma importância porque evitava que algum deles viesse a se desviar. De fato, o vocábulo grego usado pelo autor—pararreo—traduzido como "desviar", significa originalmente "perder o rumo". O termo era usado também em relação a um barco que acidentalmente era desancorado e lançado à deriva em alto mar. No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, Jesus.

Comentarista: José Gonçalves, pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. É comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e autor de vários livros publicados pela CPAD, é presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de Apologética da CGADB.  http://pastorjosegoncalves.blogspot.com.br/ 


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Comentário


#1.UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA
1. Testemunhada pelo Senhor: O autor faz um contraste entre as alianças do Sinai e do Calvário. Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos (v.2), a Nova Aliança tinha Jesus, o Filho de Deus, como seu mediador. O autor, então, faz uma analogia entre as duas Alianças para que o contraste entre ambas fique bem definido. Foi Jesus, o Filho de Deus, e não os anjos, que anunciou essa tão grande salvação. Por serem mediadores da Lei, os anjos despertavam grande estima e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança firmada na Lei, mediada por anjos, imperfeita e transitória, requeria obediência por parte dos crentes, muito mais a Nova Aliança que é perfeita e eterna. Se quem não observava os princípios do Antigo Pacto, quebrando os seus preceitos, era punido de forma dura, que castigo merecia quem ultrajava a Nova Aliança, que em tudo era superior?

*Naqueles dias muitos estavam se desviando da fé voltando ao judaísmo, estavam negligenciando o plano da grande salvação que Deus operou através de Jesus Cristo, que foi anunciada pelos apóstolos e confirmada pelo Espírito Santo e o escritor então os exorta para que atentem com mais diligência para a salvação, ou seja, ter consciência da importância da salvação e suas implicações e valoriza-la, pois na rejeição dela não podemos escapar da condenação.

O capítulo 2 inicia com a palavra portanto, ou seja, porque Cristo é superior aos anjos no capítulo 1 os cristãos deveriam atentar a salvação, pois se eles admiravam os anjos e confiavam nas suas palavras que eram fieis e Deus as confirmou e quem não creu recebeu juízo(2) quanto Mais Cristo, pois é mais belo e maior em glória pois é a imagem de Deus e suas obras são muito mais sublimes e suas palavras mais fieis pois Ele é Deus.

Devemos também a cada dia estarmos cientes da importância da Salvação e valoriza-la pois se a desprezarmos não escaparmos da condenação pois quem a rejeita, rejeita o amor de Deus, Cristo e sua obra n cruz, o Espírito Santo e sua obra, e a obra e o sofrimentos dos apóstolos na pregação do evangelho, sem esses, jamais o evangelho chegaria até nós.

2. Proclamada pelos que a ouviram: Essa salvação grandiosa foi primeiramente anunciada pelo Senhor e, posteriormente, por "aqueles que a ouviram" (Hb 2.3). Fica evidente nesse texto que o autor não foi uma testemunha ocular dos feitos de Jesus, mas recebera a Palavra por meio dos que a "ouviram". Mesmo não tendo recebido a Palavra de Deus diretamente do Senhor, o autor não tem dúvida que a mensagem apostólica era essencialmente a mesma Palavra de Deus. Esse fato deveria fazer com que os crentes fossem mais diligentes na observância dos preceitos neotestamentários. De fato, a palavra bebaioô, aqui traduzida como "confirmar", tem o sentido de algo que transmite segurança e confiança. Em outras palavras, o que o Senhor anunciou e que, posteriormente, foi proclamado por testemunhas oculares, deve servir de fundamento da nossa fé.

3. Confirmada pelo Espírito Santo: A mensagem, que primeiramente fora anunciada pelo Senhor e testemunhada pelos que a ouviram, foi instrumentalizada pelo Espírito Santo. Nesse aspecto, as traduções — "distribuições feitas pelo Espírito Santo" ou "distribuições do Espírito Santo" (Hb 2.4) — expressam bem o que o autor quis dizer. O Espírito Santo é o agente por trás de cada milagre e sinal operados na história do povo de Deus, tanto do passado quanto do presente. O autor quer chamar a atenção de seu público leitor mais uma vez para a importância da mensagem recebida, ou seja, ela fora também testemunhada de uma forma concreta e palpável pelo Espírito Santo por intermédio da distribuição de seus muitos dons.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Hebreus 2.1-4

"Esta é a primeira de sete passagens em Hebreus onde o autor combina uma urgente exortação com uma solene advertência a fim de mover seus leitores a uma confiança renovada, a uma esperança e fé perseverante em Cristo, Estas sete advertências não são divagações, no entanto se relacionam diretamente com o principal propósito do autor. A íntima conexão entre este parágrafo e a interpretação em 1.5-14 demonstra que a exposição bíblica do autor não era propriamente um fim, mas originou-se de sua preocupação por seus leitores e sua perigosa situação.

O rico vocabulário e os dons do autor como orador são novamente evidentes. A construção grega de 2,1-4 consiste em duas sentenças: uma declaração direta (2.1), seguida por uma longa sentença explicativa (2,2-4), que inclui uma pergunta retórica ("como escaparemos nós?') com uma condição ('se atentarmos para [ou negligenciarmos] uma tão grande salvação', 2,3a).

A expressão "Portanto" (2.1) liga este parágrafo ao esplendor e â incomparável supremacia do Filho no capítulo 1. Pelo fato de o Filho ser superior aos profetas e aos anjos, se o que Deus "nos falou pelo Filho' (1.2) for negligenciado, seremos muito mais culpáveis; 'Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas" (ARRINCTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.), Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1549).

#2.UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA

1. Por intermédio da humanização do Redentor: Na seção vv.5-9, o autor toma o Salmo 8 como pano de fundo de seu argumento (SI 8.4-6). Nesse aspecto, ele segue a Septuaginta que usa o termo "anjo", em vez do texto massorético, que traz a palavra "Deus". Na mentalidade judaica, da qual o autor participa, o homem foi feito como coroa da criação e a ele foi confiado todo o domínio. Todavia, devido à queda, esse domínio fora perdido. Na mente do autor dessa Escritura, portanto, o Salmo 8 não pode se aplicar a Adão, nem tampouco a raça pós-queda, mas a Jesus, o Messias, que por meio da cruz, veio restaurara humanidade caída.

*Os anjos são seres espirituais poderosos, logo são maiores que os seres humanos, Cristo se fez carne para salvar a humanidade, fato de Cristo de se esvaziar da sua glória e “tomar” a forma humana o faz menor que os anjos por ocasião da sua encarnação, mas o faz mais sublime e poderoso, pois na forma humana Cristo salvou a humanidade, morrendo, ressuscitando e assentando a destra de Deus sobre todo principado e potestade. (Ef.1.20-23).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Jesus, superior aos anjos em sua missão redentora (Hb 2.5-18)
Esta seção dá continuidade ao pensamento iniciado em 1.5-14 a respeito da superioridade do Filho em relação aos anjos, porém sob uma perspectiva diferente. No capítulo l a ênfase estava na divindade da natureza do Filho; aqui o enfoque está em sua humanidade e no sofrimento como componentes necessários de sua missão redentora. Os anjos, por um lado, são servos," sua missão para o homem como 'espíritos ministradores' é "servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação' (1.14). O Filho, por outro lado, é o Salvador; sua missão para o homem como 'o Príncipe da salvação deles' (2.10) é 'salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus' (7.25). Entretanto, como Salvador, a missão redentora do Filho envolvia tanto a humilhação como a glória.

Como o homem perfeito, Jesus se tornou o verdadeiro representante da raça humana e o cumprimento absoluto do Salmos 8. Somente Ele poderia cumprir 'o propósito declarado do Criador quando trouxe a raça humana à existência. Mas, assim fazendo. Ele teve de se identificar plenamente com a condição humana, incluindo o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.6), a fim de 'abrir o caminho da salvação para a humanidade e agir eficazmente como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de Deus. Isto significa que Ele não é apenas aquEle em quem se cumpre a soberania destinada à humanidade, mas também aquEle que, por causa do pecado humano, deve concretizar esta soberania por meio do sofrimento e da morte. Portanto, o Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito 'um pouco menor do que os anjos' (2.7a) antes de poder ser 'coroado de glória e de honra' (2.7b) como Senhor sobre todas as coisas" (AR-RINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 1551,52).

2. Por meio do sofrimento do Redentor: Para um judeu do primeiro século era escandalosa a ideia de um Messias sofredor. Como então assegurar que Jesus era superior aos anjos se Ele morrera em uma cruz? O autor de Hebreus usa o versículo cinco do Salmo 8 para explicar esse aparente paradoxo. Sim, argumenta ele, Jesus de fato foi feito um "pouco" menor do que os anjos por causa da sua humanização. Os intérpretes entendem que as palavras "pouco" e "pouco tempo" (Hb 2.7,9) podem denotar posição ou tempo. Em outras palavras, Jesus se tornou "menor" que os anjos enquanto vivia os limites da condição humana e experimentou o sofrimento advindo desse estado de humilhação. Todavia, foi por meio deste mesmo sofrimento de Cristo que os homens tornaram-se livres.

*Cristo Jesus é honrado e glorificado porque tem toda autoridade e poder sobre tudo e todos,  para que isso acontecesse foi necessário se esvaziar de sua glória, se fazer homem, e após sua terrível morte, ressuscitar ao terceiro dia e voltar ao céu de glória assentando a destra de Deus (Fl.2.5-10); (Cl.1.15-19).Dessa forma aquilo que era pra ser vergonha, escândalo se tornou e é o poder de Deus para salvar todo aquele que crê (Rm.1.16); (Cl.1.20-22).

3. Por intermédio da glorificação do Redentor: Na mente do autor, Cristo não sofreu para ser 
glorificado, mas Ele foi glorificado porque sofreu. Foi por intermédio do sofrimento que Ele foi "coroado de glória e de honra, [...] para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos" (Hb 2.9). Para os crentes que viam no sofrimento algo incompatível com o viver cristão, e que, devido a isso estavam desanimados, essas palavras serviam de ânimo e consolo.

(Hebreus 12.1 Portanto, visto que nós também estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado todo peso, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, 2. Olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, o qual, pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e está assentado à direita do trono de Deus. 3. Considerai, pois aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos canseis, desmaiando em vossas almas).

CONHEÇA MAIS
Salvação

"1. Sõteria denota 'libertação, preservação, salvação'. O termo 'salvação' é usado no Novo Testamento para se referir a:

(a) o livramento material e temporal de perigo e apreensão:

(1) nacional (Lc 1.69,71; At 7.25, 'liberdade');

(2) pessoal, como do mar (At 27.34, 'saúde'); da prisão (Fp 1.19); do dilúvio (Hb 11.7);

(b) o livramento espiritual e eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam as condições estabelecidas por Ele referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus, somente em quem será obtido (At 4-12), e sob confissão dEle como Senhor (Rm 10.10); para este propósito o Evangelho é o instrumento de salvação (Rm 1.16; Ef 1.13 [...])". "Dicionário Vine", CPAD, p.967.

#3.UMA SALVAÇÃO EFICAZ

1. Vitória sobre o Diabo: Na conclusão de seu argumento o autor mostra os métodos e os resultados dessa grandiosa salvação. Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens. Somente por meio da morte na cruz, o Diabo, arqui-inimigo dos homens, seria derrotado (Hb 2.14). O autor usa o verbo grego catargeo para se referir à derrota de Satanás. Esse verbo tem o sentido de "destronar" ou "tornar inoperante". Por intermédio da cruz. Cristo destronou e desarmou Satanás das armas que este possuía. Foi na cruz que Ele despojou os principados e as potestades e nos garantiu a vitória (Cl 2.15).

*O pecado entrou por um homem e por um homem deveria ser vencido, mas como? Sendo que o pecado passou a todos os homens? Pra isso Deus enviou Jesus, que foi concebido sem pecado, gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, dessa forma Jesus Cristo nasceu santo, viveu santo e morreu santo, vencendo o Diabo e destruindo suas obras. (Rm.5.12-21); (1Jo.3.1-10).

2. Vitória sobre a morte: Com a entrada do pecado no mundo a morte passou a ser um inimigo temido. Essa arma poderosa era usada por Satanás para manter os homens debaixo do jugo do medo (Hb 2.15). Todavia, ao morrer na cruz por todos os homens, Jesus venceu a morte. Os homens continuam a morrer, mas os que o recebem como Salvador tem a vida eterna, pois a morte não tem mais domínio sobre eles.

*Em Cristo entendemos que a morte não é o fim, mas o começo de uma vida eterna; Assim como Cristo venceu a morte, nós se permanecermos Nele também venceremos, tanto a morte espiritual e a morte física. (Rm.5.12-21)

A respeito da morte física: a morte física  veio através do pecado de Adão (Gn.2.15-17/ Gn.3.19), e ali toda a humanidade estava em Adão por isso a morte passou a todos os homens e Cristo ao morrer na cruz e ressuscitar ao terceiro dia, venceu a lei do pecado e da morte e aqueles que creem em Jesus e permanecem Nele também vencerão, pois em Jesus são lhes perdoados os pecados e a morte tanto espiritual e física não tem poder sobre eles, foi Cristo quem disse: “Esta é a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.(Mt.16.18). Inferno do grego hades – lugar dos mortos.

Temos a promessa do arrebatamento, nesta ocasião aqueles que morreram em Cristo serão ressuscitados e aqueles que estiverem vivos serão transformados e arrebatados juntamente com eles a encontrar com o Senhor Jesus nos ares. (1Tss.4.13-18).

Dessa forma os crentes em Cristo são vitoriosos sobre a morte, pois na ocasião do arrebatamento os que morreram serão ressuscitados e os que estiverem vivos não provarão a morte.

SUBSÍDIO TEOLÓCO
[...] Pela graça de Deus, Jesus provou a morte por todos os homens (Hb 2.9).

Três verdades importantes estão sucintamente incorporadas aqui:

1. A morte de Jesus na cruz, para realizar a salvação, foi um ato da graça de Deus.

2. Sua morte foi em favor de (byper) cada pecador; um claro ensino de Hebreus é que sua morte foi uma expiação substitutiva pelo nosso pecado (cf. 5.1; 7.27).

3.Sua morte não foi uma 'expiação limitada' — isto é, para algumas pessoas seletas, como alguns reivindicam — mas Ele provou temporariamente a morte por todos os homens. Sua morte é de proveito para todo aquele que por fé se submete a Ele como Senhor e Cristo,
Para os judeus daqueles dias, 'a ideia de um Messias em sofrimento era detestável e a reivindicação cristã de que isto convinha, deveria ser vista contra este panorama. Qualquer que seja a razão para a cruz, não há dúvida alguma de que tais fatos revelam a natureza de Deus. É neste sentido que 'convinha que as coisas ocorressem como de fato ocorreram" (ARR1NGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1553).

3. Vitória sobre a tentação: Pela primeira vez na epístola o autor usa a denominação "sumo sacerdote" em relação a Jesus (Hb 2.17). O tema do sacerdócio de Cristo será explorado pelo autor com maior profundidade em passagens posteriores (Hb 3.1; 4.14-16; 5.1-10; 6.20; 7.14-19,26-28; 8.1-6; 9.11-28; 10.1-39). Todavia, aqui o seu uso é justificado no contexto da identificação de Jesus com seus "irmãos", os salvos. Esse sumo sacerdote é misericordioso e fiel. Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los.

*Adão e Eva caíram em tentação, desobedeceram a Deus, o pecado entrou no mundo e a morte passou a todos os homens.
Cristo na cruz venceu o pecado, mas antes, por diversas vezes venceu as tentações, Cristo resistiu e venceu as tentações como homem, por isso, sabe muito bem as tentações que sofremos e compadecendo nós, vem nos socorrer.

CONCLUSÃO: Por meio da sua humanização e humilhação Jesus se tornou o legítimo Sumo Sacerdote representante da humanidade. Os anjos de fato são seres especiais a serviço de Deus, entretanto, Jesus não veio socorrê-los, mas buscar a descendência de Abraão, os crentes. Por intermédio de seu sofrimento e morte. Ele pode dar vida aos que estão mortos.

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)

Cristais – Mg 11/01/17

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

LIÇÃO 1 – A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO


INTRODUÇÃO: Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.


Comentarista: José Gonçalves, pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. É comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e autor de vários livros publicados pela CPAD, é presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de Apologética da CGADB.  http://pastorjosegoncalves.blogspot.com.br/ 


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Comentário

#1.AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO

1. Autoria: A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apoio, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.

*Muitos afirmam a autoria de Paulo pelo fato de Hb.13.22 cita o nome de Timóteo, sobre isso escreveu CHAMPLIN – HEBREUS – Pg.468.

Uma das respostas possíveis para aparente confirmação de autoria paulina, consiste em salientar-se que havia muitíssimos prisioneiros, que muitos companheiros e conhecidos de Paulo foram encarcerados, e que muitos deles conheciam a Timóteo. Nada há nisso que não possa aplicar-se igualmente a muitas outras personagens conhecidas ou desconhecidas daquela época. O livro de Atos é dominado pela figura de Paulo, e vários de seus aprisionamentos são mencionados ou deixados subentendidos, pelo que também qualquer menção de «encarceramento» naturalmente leva nossas mentes a pensar em Paulo. Mas isso se deve somente à nossa «associação» com outras passagens familiares do N.T., não representando, necessariamente, algum fato.

*E é bem provável que o autor da Carta aos Hebreus estava bem familiarizado com as cartas paulinas, daí algumas expressões serem parecidas com as do apóstolo Paulo.

2. Destinatários: Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Seu conteúdo revela que foi escrito para cristãos judeus, o emprego que o autor fez da Septuaginta (versão grega do AT), nas citações do Antigo Testamento, indica que os primeiros leitores foram provavelmente judeus de idioma grega que viviam fora da Palestina. A expressão “Os da Itália vos saúdam” (13.24) significa provavelmente que o autor escrevia para Roma, e que na ocasião incluiu saudações de crentes italianos que viviam longe da pátria. (Bíblia de Estudo pentecostal – Hebreus – Págs. 1896-1897)

3. Propósito: De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.

*Os anos se passaram, mas o cenário em que os hebreus viveram continua o mesmo, em que muitos crentes estão enfraquecidos na fé, uns se apostataram, outros se desviaram, e muitos estão espiritualmente frios, indo pouco a igreja, trocando a comunhão com Deus e com os irmãos, para se envolverem egoisticamente com seus próprios negócios, se embaraçando com as coisas dessa vida; A decepção e a mágoa com irmãos, o materialismo, o entretenimento, os falsos ensinos e a multiplicação da iniquidade estão apagando o fervor espiritual de muitos irmãos (Mt.24.10-12), ao contrário disso, outros irmãos são provados até a morte e mesmo assim continuam fiéis ao Senhor, morrem mas não negam o Cristo que os amou até o fim se entregando numa cruz.

Devemos(Hb.10.36 Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. 37 Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará. 38 Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. 39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma).

Como Podemos?: (Hb.12.1 PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, 2 Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. 3 Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.

#2.CRISTO - A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS

1. A revelação profética e a Antiga Aliança: Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas maneiras”), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário.

*Nosso Deus é real, é um Ser vivo que se comunica, que fala; Desde o princípio Deus falava com seus servos, em Gênesis no capítulo 12, O SENHOR se revelou a Abrão e falou com ele, o chamou e orientou-o várias vezes, assim também foi com Isaque e Jacó; Agora os descendentes de Abraão eram uma grande nação e Deus falava e os orientavam através do ministério do profeta Moisés e tantos outros que o SENHOR vocacionou.

2. A revelação profética e a Nova Aliança: Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb l.l). O uso das expressões “havendo falado” ou “depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento. Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1 Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26; 15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.

*Moisés foi um profeta respeitadíssimo, tudo quanto recebia de Deus a transmitia ao povo e tudo se cumpria fielmente, era um profeta que falava em nome do SENHOR, e Moisés profetizou que viria um profeta, e a esse o povo deveria ouvir (Dt.18.15-19). Essa profecia se cumpriu em Jesus Cristo, pois Jesus exerceu o ministério profético, pregando o evangelho do reino de Deus, declarando a vontade de Deus ao povo, no monte da transfiguração de um lado estava Moisés representando a Lei, do outro estava Elias representando os Profetas e no meio estava Cristo, e a voz Deus ecoou a Pedro, Tiago e João dizendo: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o”. (Mt.17.1-5).

3. Cristo: a revelação final: O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus.

*Cristo é a revelação específica, perfeita, completa e final, a partir disso tudo quanto for revelação deve estar harmonizado com Cristo, sua obra e seus ensinamentos transmitidos por Ele e seus apóstolos, pois a revelação divina antes era “Assim diz o Senhor”, hoje é “Está Escrito”!

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
“REVELAÇÃO – [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).
REVELAÇÃO BÍBLICA – Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA – Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.255,56).

#3.CRISTO - SUPERIOR AOS ANJOS

1. Cristo: superior em natureza e essência: Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasmae character, que significam respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como resplendor e “caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus revelado!

*Os anjos eram admirados pelo povo judeu por sua aparência, beleza e poder, por várias vezes Deus os enviou para ministrarem em favor da nação de Israel, diante disso o escritor aos Hebreus, quer exaltar a Cristo pois Ele é o resplendor da glória de Deus e mais do que isso Cristo é imagem de Deus, ou seja, Cristo é o Deus revelado, e como Deus, Cristo tem a primazia, a preeminência e supremacia sobre tudo e todos, pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude habitasse Nele. (Cl.1.15-19)

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“ANJOS. A palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; SI 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça corno servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; SI 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: “anjo principal’, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.386).

2. Cristo: superior em majestade e deidade: O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra e glória!

CONCLUSÃO: O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7).

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)

Cristais – Mg 03/01/17

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