segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Deísmo

 

Deísmo

Para entender o Deísmo, é necessário conhecer os movimentos antecedentes.

Renascença: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/08/renascimento-e-humanismo.html

Racionalismo: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/08/racionalismo-x-cristianismo.html   

Iluminismo: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/04/o-iluminismo.html

É principalmente no Iluminismo que surge o que se conhece hoje como Deísmo. Essa crença passou a ser chamada de deísmo, um movimento especialmente popular em meio a anglófonos que estava à metade do caminho do ateísmo. Defendia ser possível sustentar a ideia de Deus e rejeitar o conceito de que ele se envolve ou interfere no mundo. O Deus dos deístas é, por vezes, chamado de Deus relojoeiro, pois criou o mundo assim como um relojoeiro fabrica um relógio, depois deu corda e o deixou funcionando. Uma vez que Deus era um relojoeiro perfeito, não havia necessidade de interferir no mundo depois. Por essa razão, os deístas rejeitavam qualquer coisa que se assemelhasse a uma interferência divina no mundo, tal como milagres ou revelações especiais registradas na Bíblia. Então, um deísta é aquele que está inclinado a afirmar a existência de um princípio criador (Deus) mas não pratica nenhuma religião, não negando a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais e físicas. A interpretação de Deus pode variar para cada deísta. Assim, um dos princípios fundamentais desta posição é baseada na consolidação de que Deus criou tudo o visível e o invisível, o mundo físico e o espiritual mas não interfere nele de maneira evidente.

Os deístas acreditavam que sua religião era a religião original do homem e dela todas as demais religiões haviam derivado por distorção, as quais, por sua vez, eram obra de sacerdotes que inventavam as teologias, os mitos e as doutrinas das diversas religiões em busca de aumentar seu próprio poder.

Edward Herbert, Lorde de Cherbury (1583-1648), é geralmente considerado como o "pai do deísmo inglês", e seu livro De Veritate (na verdade, It Is Distinguished from Revelation, the Probable, the Possible, and the False) (1624) a primeira grande demonstração do deísmo.

Herbert apresentou os pontos básicos do deísmo que pode ser resumido na seguinte maneira: "Deus existe, e pode ser cultuado pelo arrependimento e por uma vida de tal modo digna, que a alma imortal possa receber a recompensa eterna em vez do castigo". Outros deístas influentes, como Charles Bloynt (1654-1693), John Tolarndt(1670-1722), Lorde Shaftesbury (1671-1713) pregaram que o cristianismo não era um mistério e poderia ter sua autenticidade verificada pela razão; tudo o que não pudesse ser provado pela razão deveria ser descartado.

Com o advento do Iluminismo o propagandista mais influente do deísmo foi Voltaire (1694-1778), que personificou o ceticismo do Iluminismo francês e, acima de todos os outros, popularizou a ciência de Newton, lutou pela liberdade do indivíduo e da imprensa, e difundiu o culto da razão. Ele produziu um número prodigioso de obras (histórias, peças teatrais, panfletos, ensaios e romances) e, por meio de correspondências, estimadas em 10 mil cartas, ele disseminou com perspicácia as virtudes do Iluminismo e atacou ferozmente os abusos da época.

Voltaire alcançou sua maior fama por ser o crítico mais implacável das igrejas estabelecidas, tanto protestantes quanto católicas, visto que se mostrava indignado com a intolerância do cristianismo organizado e desgostoso com as rixas insignificantes que pareciam monopolizar o tempo de muitos sacerdotes e clérigos. A despeito de sua crítica mordaz ao cristianismo, entretanto, seu objetivo não era destruir a religião, tanto que certa vez ele disse que, se não houvesse um Deus, seria necessário inventar um, tratava os milagres do Cristianismo com desdém. A prova de determinada posição encontrava-se na razão ou em experiências humanas e, uma vez que os milagres eram reprovados nesse teste, eram descartados como disparates medievais. Os deístas, com seu otimismo confiante, supunham saber tudo sobre a sabedoria e o propósito de Deus, e extraíam todas essas informações do padrão da natureza.

Ao mesmo tempo, com a imigração de deístas ingleses, a divulgação dos escritos deístas e a difusão das ideias iluministas nas Treze Colônias contribuíram para popularizar o deísmo nos Estados Unidos, com os escritos dos norte-americanos, John Quincy Adams, Ethan Allen, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, George Washington e, especialmente, Thomas Paine em seu livro A Era da Razão. Os princípios deístas, especificamente tiveram efeito sobre as estruturas política e religiosa dos Estados Unidos, tais como a separação entre Igreja e Estado e a liberdade religiosa

Por fim, o deísmo acabou desmoronando por suas próprias fraquezas, pois estava fundamentado em um falso otimismo e não dispunha de explicações para os males e os desastres da vida. Uma vez que as leis da natureza eram claras e imutáveis, os deístas presumiam que as escolhas morais do homem também eram simples e imutáveis. À pergunta: “Por que os homens nem sempre veem com clareza as verdades religiosas na natureza?”, os deístas podiam responder apenas com “as mentiras dos sacerdotes”; contudo, isso era simples demais para ser verdade, e poucos ficaram convencidos.

A rejeição final do deísmo, entretanto, não recolocou o cristianismo no lugar central na cultura ocidental, e o esforço negativo da época da razão perdurou. A cultura moderna — sua arte, sua educação, sua política — estava liberta da influência cristã formal. Os homens fizeram uma tentativa deliberada de organizar uma civilização religiosamente neutra, e isso significava que a fé deveria atuar nos âmbitos particulares, limitados à Igreja, ao lar e ao coração, justamente o que encontramos hoje nas sociedades modernas seculares.

O deísmo, geralmente considerado como uma influente escola de pensamento, declinou em cerca de 1800. O termo deísta tornou-se raramente utilizado, mas as crenças deístas, suas ideias e influências não.

As principais raízes filosóficas do Deísmo vem:

Os racionalistas como René Descartes, Immanuel Kant e Gottfried Leibniz, que acreditam em um conhecimento a priori ou inato;

Os empiristas, incluindo John Locke, George Berkeley e David Hume, que afirmam que todo conhecimento vem da experiência.

Os efeitos combinados dessas duas filosofias que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano e produziu profundo impacto na teologia cristã, como por exemplo a Teologia Liberal.

Saiba mais sobre a Teologia Liberal clicando neste Link: https://tiagoluispereira.blogspot.com/2020/08/teologia-liberal.html

Principais Fontes:

*História do cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da igreja cristã desde as origens até o século XXI - Bruce Shelley, Giuliana Andrea Niedhardt

*Wikipédia

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