quarta-feira, 29 de novembro de 2017

LIÇÃO 10 O PROCESSO DA SALVAÇÃO





                   
INTRODUÇÃO: O processo de salvação na vida do crente se dá em três aspectos: na justificação outorgada por Deus; na regeneração operada pelo Espírito Santo; na santificação como consequência de uma vida com Cristo. Todo esse processo é alcançado pela fé na crucificação, morte e ressurreição de Cristo Jesus, nosso Senhor.

Comentarista: Claiton Ivan Pommerening é Ministro do Evangelho, congrega na Assembleia de Deus de Joinvile (SC) e é graduado em Ciência Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau e em Teologia pela Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte. Possui especialização em Teologia e Bíblia pela Faculdade Luterana de Teologia e é Doutor e Mestre pela Faculdade EST. Atualmente é o Diretor da Faculdade Refidim e do Colégio Evangélico Pr. Manoel G. Miranda; vice-presidente da CEEDUC - Associação Centro Evangélico de Educação Cultura e Assistência Social em Joinvile (SC); e editor da Azusa Revista de Estudos Pentecostais da Faculdade Refidim de Joinvile (SC).



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Comentário

#1.JUSTIFICADOS POR DEUS

1. A natureza da Justificação: A justificação evoca a ideia de um tribunal jurídico em que pesam terríveis e verdadeiras acusações contra nós, mas que por meio do sacrifício expiatório e substitutivo de Cristo, se tornaram nulas (Rm 4.24,25). Assim, somos declarados inocentes, pois nossa condenação foi substituída pela pena paga por Cristo na cruz (2 Co 5.21). É um ato gracioso e amoroso de Deus para nós, sem interferência dos méritos humanos, cabendo ao homem somente crer mediante a fé na obra que Jesus operou (Rm 5.1). Entretanto, cabe ressaltar que a fé é o meio instrumental para nos unir a Cristo, o nosso justificador, e não a causa da justificação. Logo, a justificação tem como consequência direta o perdão dos pecados, a reconciliação do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação da vida.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

A Justificação

Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo ‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz. Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta ‘o que justifica o ímpio’ (Pv 15.17) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm 3,21-26). Constamos, portanto, diante de Deus como plenamente absolvidos.

Para descrever a ação de Deus a justificar-nos, os termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1Rs 8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt 12.37; Rm 3.20; 8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto, considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça (l Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 372).

2. A necessidade de Justificação: A necessidade da justificação é para que nos encontremos justos e santos diante de Deus, a fim de que sejamos participantes das bênçãos da salvação e para que o Diabo não acuse o crente dos pecados que Cristo perdoou (Rm 8.33,34). Nesse sentido, a pessoa justificada está livre de condenação e é herdeira da vida eterna, tendo como resultado prático a paz com Deus (Rm 5.1).

*Pelo fato de sermos pecadores tanto pelo pecado original e pela prática de nossos pecados, somos considerados injustos e culpados diante de Deus, nessa condição estamos afastados de Deus e condenados a perdição eterna. (Rm.3.23)
Quando pela fé recebemos Cristo como Senhor e Salvador, aceitando o sacrifício Dele por nós, nossos pecados são perdoados pelo Seu sangue, somos declarados justos, dessa forma somos reconciliados com Deus, livres da condenação e recebemos pela graça a Vida Eterna (Rm.3.24-25); (Rm.5.1-2, 8-11); (Rm.8.1).

3. A impossibilidade da autojustificação: Os que reconhecem a necessidade de justificação são alcançados por ela. Para ilustrar essa realidade espiritual, o Senhor Jesus ensinou sobre a justificação apresentando a história de um fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar certos pecados, mas não alcançou a justificação; enquanto o publicano, que reconhecia a sua miséria diante de Deus, teve os seus pecados perdoados e sua vida justificada (Lc 18.9-14). Nesse aspecto, a justificação não se refere ao esforço humano por pureza ou santidade, mas ao estado de retidão diante de Deus por meio de Jesus, o justo, que morreu tomando sobre si todas as acusações contra nós. Por isso, quando Deus nos olha, após nos tornarmos em nova criação, ainda mesmo com os nossos defeitos e falhas, em Cristo, nos enxerga sem pecado (1Co 6.11). Assim, o pecador é justificado pela graça de Deus somente, jamais por méritos pessoais (Rm 3.21,26,28; 4.5; Gl 3.11).

*(Rm.3.20,28); (Gl.2.16); (Ef.2.8-9).

#2.REGENERADOS PELO ESPÍRITO SANTO

1. A natureza da Regeneração: Regeneração é a ação divina de criar um novo homem, dando-lhe um novo coração, transformando-o em nova criação (2 Cr 5-17), tornando-o filho de Deus (Jo 1.12,13) e fazendo-o passar da morte para a vida (Jo 5.24). Aqui, é importante distinguir regeneração da conversão. Esta é a resposta humana à regeneração no processo de salvação, que é voltar-se inteiramente para Deus; enquanto aquela é um milagre operado por Deus na natureza humana, um fenómeno incompreensível à mente natural (Jo 3.3,7). Logo, Deus é o operador dessa transformação, fazendo com que a pessoa, outrora apática para as coisas divinas, agora se encontre em plena vitalidade para com as coisas espirituais (Rm 8.28-30; Tt 3.5).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Regeneração

A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’ aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3,5 refere-se a renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece. 

O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne’ (Ez 11.19). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados… E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo… E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos’ (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a escreverá no seu coração’ (Jr 31.33). Ele ‘circundará o teu coração… para amares ao Senhor’ (Dt 30.6)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostai. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 369,370).

2. A necessidade de Regeneração: Para fazermos parte do Reino de Deus é preciso nos tornar nova criatura e nascermos do Espírito (Jo 3.5) que opera a vivificação em nós, pois Ele é o agente da regeneração. O Espírito Santo faz brotar entusiasmo espiritual e vida abundante (Jo 7.38), onde outrora havia morte, ofensa e pecado (Ef 2.1). É o agir do Espírito pela Palavra que faz germinar vida no coração do salvo (Tg 1.18).

*O ser humano é um ser tricotômico, ou seja é “composto” de corpo, alma e espírito, o espírito é o que diferencia o homem das demais criaturas (Pv.20.27); (Jó.32.8), é por ele que nos relacionamos com Deus (Rm.8.16); (1Co.2.9-12).

Todos nascemos em pecado, afastados de Deus e destituídos da sua glória Dele (Rm.3.23), pois herdamos a natureza adâmica embora nascemos com vida “na carne”, todavia nosso espírito está “morto” para com Deus, é que chamamos de morte espiritual, ou seja, a pessoa está viva fisicamente, mas não tem vida espiritual, não tem comunhão com Deus (Ef.2.1-3); (Ef.4.17-24); (Cl.2.13).

E só podemos ter vida espiritual, se nos reconciliarmos com Deus, se recebermos Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas, tendo nossos pecados perdoados pelo sangue de Jesus, sendo assim, recebemos o Espírito Santo que há de nos “gerar de novo”, nos fazendo uma nova criação, e é aí então, que nos tornamos filhos de Deus. (Jo.1.11-13); (Rm.5.8-11); (2Co.5.17); (Ef.2.4-5); (1Jo.4.13). 


3. Consequências da Regeneração: É possível verificar se somos regenerados por meio de algumas mudanças que passam a fazer parte do nosso viver: o amor intenso a Deus (1Jo 4.19; 5.1); o amor pelos irmãos (1Jo 3.14); a rejeição das coisas mundanas (1Jo 2.15,16); o amor à Palavra de Deus (51119.103; 1Pe 2.2); o amor pelas almas perdidas (Rm 9.1-3); o desejo de estar em comunhão com Deus e adorá-lo (SI 42.1,2; 63.1; Ef 5.19,20); a vitória sobre o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho (1Jo 5.18; Cl 5.16; 2 Co 5.17); o conhecimento da vontade de Deus (1Co 2.12); o testemunho interior do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Rm 8.16); o intenso interesse de praticar a justiça (1Jo 2.29). Claro que não somos perfeitos e que muitas vezes nos depararemos com a impossibilidade de manifestar essas mudanças o tempo todo, mas substancialmente elas estão presentes na regeneração da pessoa.

*A principal característica de uma pessoa que foi regenerada é o amor, que se difunde em amar a Deus e ao próximo, quem é nascido de Deus deve amar, pois Deus é amor (1Jo.3.14); (1Jo.4.7-8). O amor a Deus fará que vivamos em santidade, isto é, em novidade de vida, abandonando e rejeitando as velhas práticas do pecado (2Co.5.17); (Ef.4.17-32); (Cl.3.5-17).

#3.SANTIFICADOS EM CRISTO

1. Uma consequência da salvação: A santificação é o processo pelo qual o crente se afasta (separa) do pecado para viver uma vida inteiramente consagrada a Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Rm 8.29). É um processo de cooperação entre o crente e o Espírito Santo que se inicia no momento da justificação do salvo, isto é, Deus vê o crente como santo, ainda que a santidade dele precise ser aperfeiçoada (Ef 4.12). No processo de conversão, a santificação é outorgada ao cristão porque Deus o vê santo, separado e amado por Ele, o nosso Pai (Cl 3.12). Nesse sentido estamos firmados em Cristo e os pecados não têm mais lugar em nossas vidas (1 Jo 3.6).

*Na teologia é chamada de santificação posicional pois é o primeiro aspecto da santificação, também chamado de santificação passada ou instantânea. É posicional porque acontece uma mudança no ser humano, de pecador para santificado em Cristo (At 26.18; 1Co 1.2). É a santificação que ocorre quando o pecador recebe, pela fé, a Jesus como Senhor e Salvador pessoal (1 Co 1.30). Todos nós, salvos em Jesus, somos santos, e é assim que somos reconhecidos no Novo Testamento (At 9.13,32,41) e é dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes nas suas epístolas (Rm 1.7). 

A base dessa santificação é o sacrifício de Jesus (Hb 10.10,14), mas ela é obra do Deus trino e uno por ocasião da conversão do pecador a Cristo (Jo 17.17; 1 Co 6.11; 1Pe 1.2).
Ao aceitarmos o sacrifício de Cristo, temos nossos pecados purificados, somos lavados, limpos de toda imundícia do pecado (2Co.5.17); (1Jo.1.9) e somos reconciliados com Deus.

(Cl.1.13 O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; 14 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados). 


2. Um esforço pessoal: As Escrituras revelam que devemos almejar e priorizar a santificação (Hb 12.14), pois a nossa natureza pecaminosa insiste em resistir a esse processo (Rm 7.14,21). Deus anela pela santificação dos seus filhos, não por capricho divino, mas porque o pecado nos fere de morte e o nosso Pai de amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos no pecado, pois isso contraria sua natureza amorosa. Assim, para sarar a ferida do pecado. Ele enviou o seu filho para nos libertar do pecado a fim de vivermos uma vida santa.

CONHEÇA MAIS

O Processo da Salvação

“A obra do Espírito não cessa quando a pessoa reconhece sua culpa diante de Deus, mas vai crescendo a cada etapa subsequente. […] No momento da conversão, nascemos de novo, desta vez o nascimento no Espírito. Ao mesmo tempo, o Espírito nos batiza no corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja. Instantaneamente, somos lavados, santificados e justificados, e tudo isto mediante o poder do Espírito.” Leia mais em Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal, editado por Stanley Horton, CPAD, pp. 424,25.

3. O desafio de sermos santos: Às vezes achamos que podemos ser continuamente bons e santos (1Jo 
1.10). Na verdade, a nossa meta deve ser essa, mas não podemos deixar de reconhecer que somos simultaneamente justos e pecadores, ou seja, em Cristo, Deus nos vê absolutamente santos; no entanto, em relação à nossa natureza inclinada ao pecado, nossa santificação sofre revezes (Rm 7.15). Por isso é exigido um esforço pessoal e dependência contínua do Espírito Santo para sermos santos.

*É possível ser santo? Sim! É possível. E deve ser o desejo de todo cristão se parecer com Jesus e ter uma vida santa, assim como o Mestre teve. Pela sua infinita graça, Deus concede vida santa a todos os pecadores, desde que eles se arrependam e confessem o nome de Jesus (Rm 10.9,10). Assim, Deus disponibilizou três meios para a santificação: A) o sangue de Jesus: "E, por isso, também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta" (Hb 13.12); B) o Espírito Santo (2 Ts 2.13); C) a Palavra de Deus (Jo 17.17; Ef 5.26). O Senhor nos forneceu todos os recursos necessários para uma vida santa e separada do mundanismo (Rm 12.1,2).

A) O Sangue de Jesus: O sacrifício de Jesus é eficaz (Hb.9.11-14; Hb.10.10-12)

(1Jo.1. 7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado).

B) O Espírito Santo: Convence-nos do pecado (Jo.16.8); e nos ensina, guia e lembra-nos da verdade que é a palavra de Deus (Jo.14.26; Jo.16.13).

(1Co.6.9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, 10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus).

C) A Palavra de Deus: (Sl.119.9-11); (Jo.17.17); (Ef.5.25-27); (Tt.3.3-7)

(Jo.17.17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade).

Na ressurreição, seremos completos, e isso é extensivo à santificação, quando o Senhor Jesus declara "que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso" (Fp 3.21). É nessa ocasião que veremos a Deus como Ele é (1Jo 3.2). Essa é a nossa esperança.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Santificação

A santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6.6-10). É uma mudança que ocorre “de uma vez por todas’ na condição legal ou judicial da pessoa de Deus. A santificação, em contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros, entre o homem e si mesmo, entre o homem e a natureza” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1762).

CONCLUSÃO: Convêm que os crentes, como pessoas justificadas, regeneradas e santificadas, demonstrem ao mundo perdido, por meio das consequências positivas que esse processo de salvação traz sobre nossa vida, que somente Jesus pode salvar e transformar o pecador.

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)

Cristais – Mg 29/11/17

Gmail: tiagoluispereira1@gmail.com

Revista Lições Bíblicas – Adultos para o 1º Trimestre de 2018.



Revista Lições Bíblicas – Adultos para o 1º Trimestre de 2018.

TEMA: A Supremacia de Cristo – Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus

COMENTARISTA: Pr. José Gonçalves, pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia e em Filosofia. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. É autor de vários livros publicados pela CPAD e atualmente é o presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de Apologética da CGADB.

SUMÁRIO:

Lição 1 – A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

Lição 2 – Uma Salvação Grandiosa

Lição 3 – A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

Lição 4 – Jesus é Superior a Josué – O meio de entrar no Repouso de Deus

Lição 5 – Cristo é Superior a Arão e à Ordem Levítica

Lição 6 – Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia

Lição 7 – Jesus – Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior

Lição 8 – Uma Aliança Superior

Lição 9 – Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

Lição 10 – Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança

Lição 11 – Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja


Lição 12 – Exortações Finais na Grande Maratona da Fé

sábado, 18 de novembro de 2017

LIÇÃO 8 SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO



                 LIÇÃO 8 SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO

INTRODUÇÃO: Na cruz do Calvário, Jesus Cristo ofereceu a salvação indistinta e gratuitamente para todos os seres humanos (Ap 22.17). Por decisão pessoal, e liberdade individual, os que recebem a oferta de salvação são destinados à vida eterna, pois o Pai quer que todo homem se salve e que ninguém se perca (2 Pe 3.9).

Comentarista: Claiton Ivan Pommerening é Ministro do Evangelho, congrega na Assembleia de Deus de Joinvile (SC) e é graduado em Ciência Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau e em Teologia pela Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte. Possui especialização em Teologia e Bíblia pela Faculdade Luterana de Teologia e é Doutor e Mestre pela Faculdade EST. Atualmente é o Diretor da Faculdade Refidim e do Colégio Evangélico Pr. Manoel G. Miranda; vice-presidente da CEEDUC - Associação Centro Evangélico de Educação Cultura e Assistência Social em Joinvile (SC); e editor da Azusa Revista de Estudos Pentecostais da Faculdade Refidim de Joinvile (SC).

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Comentário

#1.A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

1. A Eleição de Israel: A eleição no Antigo Testamento tem um significado mais específico que no Novo Testamento. Exemplo disso é o chamado de Abraão e sua descendência, que mais tarde formariam a nação de Israel. Deus chamou o patriarca e lhe fez promessas (Gn 12.1-3). Livre e espontaneamente, o "amigo de Deus" respondeu positivamente ao chamado. Entretanto, diante dele havia a possibilidade de não atender a essa convocação. 

Nesse sentido, é importante ressaltar que a eleição de Israel (Is 51.2; Os 11.1) é específica e pontual. Deus tinha um propósito de enviar o Salvador ao mundo por intermédio da nação judaica. Por ser pontual, específica e coletiva, a eleição de Israel não pode ser usada como base para fundamentar a salvação individual do crente, nem mesmo dos judeus, no sentido de Deus decretar uns para a vida eterna e outros para a eterna danação. Além do mais, por meio do livre-arbítrio que Deus deu a Israel, a nação chegou a perder algumas bênçãos prometidas porque se rebelou contra o Senhor e desobedeceu à sua ordem (Jr 6.30; 7.29). Segundo o apóstolo Paulo, isso nos serve de exemplo a fim de não repetirmos os mesmos erros do povo de Deus do Antigo Testamento (1Co 10.6,11).

*Da mesma forma foi a eleição de Jacó, Deus a escolher Jacó não estava escolhendo-o como indivíduo, mas como uma nação, pois foi de Jacó que vieram as 12 tribos que formaram a nação de Israel, portanto “amei a Jacó e aborreci a Esaú” (Gn 25.23); (Ml 1.1-4); (Rm.9.9-13), não se refere a eleição para a salvação mas para um propósito, assim como também a eleição ministerial do profeta Jeremias (Jr.1.5), do apóstolo Paulo (Gl.1.15).


2. A eleição para a salvação: A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores à salvação em Cristo e os torna santos (Rm 8.26-39). Essa eleição é proclamada por meio da pregação do Evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1Co 1.9), pois o Altíssimo deseja que todos sejam salvos, respondendo afirmativamente ao seu chamado para a salvação (At 2.37; 1Tm 2.3,4; 2 Pe 3.9). Entretanto, as Escrituras mostram claramente que quem crer será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16).

* São eleitos por Deus para a salvação, todos os que creem em Jesus Cristo, quando a bíblia fala de eleição para a salvação sempre se refere no plural, no coletivo e não individual, ou seja, só é eleito aqueles que creem em Jesus e que agora fazem parte do corpo de Cristo, quem está e permanece no corpo Cristo é eleito e predestinado a salvação. (Rm.11.22-23).

João 3.16-18 é claro, quem crer em Cristo é eleito e predestinado para a salvação, quem não crer em Nele já está condenado.

3. A presciência divina: Presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão (At 22.14; Rm 9-23) e de interferir na história humana (Ne 9.21; SI 3.5; 9.4; Hb 1.1-3). Ele é soberano (Jó 42), provedor (SI 104) e sabe quem responderá positivamente ao convite de salvação (Rm 8.30; Ef 1.5). Deus proveu o meio de salvação para todas as pessoas, mas nem todas atenderão ao seu convite. Em sua soberania e presciência, estamos sob os seus cuidados, mas paradoxalmente, também desfrutamos do livre-arbítrio que Ele nos deu, o que aumenta mais a responsabilidade humana de obedecer à sua vontade (Rm 11.18-24).

* Existem atributos que só Deus(Trindade) possui, Deus é Onipotente, Ele pode tudo, todas as coisas lhe são possíveis, Deus é Onipresente, Ele é atemporal, ou seja, não está limitado ao tempo, Ele está no passado, presente e futuro, Deus é Onisciente, Deus sabe, conhece todas as coisas tanto no passado, presente e futuro; A respeito de Deus conhecer o futuro, então Ele é presciente, ou seja, Ele conhece, sabe de tudo antes das coisas acontecerem.

Em relação a salvação da humanidade, porque Deus é Onisciente e presciente, Ele sabe quantas e quais pessoas irão crer em Jesus Cristo e serão salvas, dessa forma, pela presciência de Deus tais pessoas são eleitas em Cristo para a salvação (1Pe.1.1-2); (Ef.1.3-4).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Qualquer estudo sobre a eleição deve sempre começar por Jesus. E toda conclusão teológica que não fizer referência ao coração e aos ensinos do Salvador, seja tida forçosamente por suspeita. Sua natureza reflete o Deus que elege, e em Jesus não achamos nenhum particularismo. Nele, achamos o amor. Por isso, é relevante que em quatro ocasiões Paulo vincule o amor à eleição ou à predestinação: 'Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição [gr. eklogên] é de Deus' (1Ts 1.4). 'Como eleitos [gr. eklektoí] de Deus, santos e amados... '. (Cl 3.12) - nesse contexto, amados por Deus. 'Como também nos elegeu [gr. exelaxato] nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito [gr. eudokia] de sua vontade' (Ef 1.4,5). Embora a intenção divina não esteja ausente nesta última palavra grega (eudokia), ela inclui também um sentido de calor que não fica tão evidente em thelõ ou boulomai. A forma verbal aparece em Mateus 3.17, onde o Pai diz: 'Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo [gr. eudokêsa]'. Finalmente, Paulo diz: 'Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido [gr. heilato] desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade' (2 Ts 2.13). O Deus que elege é o Deus que ama, e Ele ama o mundo. Tornar-se-ia válido o conceito de um Deus que arbitrariamente escolheu alguns e desconsidera os demais, deixando-os ir à perdição eterna, diante de um Deus que ama o mundo?”(HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 363,364).

#2.ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio: Jacó Armínio (*1560 +1609) nasceu na Holanda, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Tendo sido envolvido numa disputa calvinista, desenvolveu uma tese bíblica a partir dos primeiros Pais da Igreja, que foi denominada de Arminianismo. Sua principal característica é a defesa do livre-arbítrio humano. Por esse posicionamento, enfrentou forte oposição, perseguição e falsas acusações por parte dos teólogos calvinistas. Entretanto, esse teólogo holandês sempre apresentou uma postura tolerante e não combativa, embora convicto de suas opiniões.

Introdução e Cosmovisão (Jacó Armínio e pensamentos e obras) Pr. Dr. Carlos Augusto Vailatti

2. O livre-arbítrio: O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm de fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno, especificamente se tratando da salvação. Isso quer dizer que cabe a cada um deixar-se convencer pelo Espírito Santo para ser salvo por Jesus ou não, embora Deus dê a todos a oportunidade da salvação. No Jardim do Éden, o Criador outorgou o livre-arbítrio ao homem (Gn 2.16,17); a Israel deu também essa prerrogativa (Dt 30.19); e à humanidade o Altíssimo possibilitou escolha entre o caminho da salvação ou o da perdição (Mc 16.16).

* (Gn.4. 6 E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? 7 Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.

(Dt.28.1 E SERÁ que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra).

(Dt.28.15 Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão)

(Dt.30.19 Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência).

(Mt.16.24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me).

(Jo.12. 42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. 43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus).

(Jo.3.18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus).
(Rm.11.22 Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado).

(Hb.3.12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. 13 Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; 
14 Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação).

3. O livre-arbítrio na Bíblia: Deus nos criou à sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Logo, por Ele ser naturalmente Livre, também seus filhos possuem a faculdade de escolherem livremente. Por isso, o Criador sempre incentivou a nação a escolher o caminho da vida (Dt 30.19-20). Assim, segundo as Escrituras, se em Adão todos são predestinados para a perdição, em Cristo, todos são predestinados para a salvação: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1Co 15.22; cf. Jo 1.12), pois "se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo" (Rm 10.9).

*Deus fez o homem com livre arbítrio poder de decisão, escolha, pois o ser humano é um ser inteligente, tudo o que fazemos primeiramente pensamos e então decidimos, não somos obrigados a fazer nada, tudo nessa vida nos é condicionado ''se quiseres'', recebemos muitos conselhos, propostas e ordens, tanto positivas (pro nosso bem), como negativas (pro nosso mal), mas cabe a nós escolhermos, decidirmos e desfrutarmos das consequências de cada decisão. Isso é livre-arbítrio, Deus nos deu e irá nos julgar pelo “uso” dele. (Ec.11.9); (Gl.6.7-8).

#3.ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A Eleição divina: A eleição é uma escolha soberana de Deus (Ef 1.5,9) que tem como objeto de seu amor todos os seres humanos (1Tm 2.3,4). Não é uma obra que leva em conta o mérito humano, mas que é feita exclusivamente em Cristo (Ef 1.4). Em Jesus, Deus nos elegeu com propósitos específicos: para pertencer­mos a Cristo (Rm 1.6; 1Co 1.9); para a santidade (Rm 1.7; 1PE 1.15; 1Ts 4.7); para a liberdade (Gl 5.13); para a paz (1Co 7.15); para o sofrimento (Rm 8.17,18); e para a sua glória (Rm 8.30; 1Co 10.31).

*Eleição: O ato de escolher, escolher segundo a vontade.

A eleição divina é soberana, Deus quis escolher, sem dar satisfação a ninguém, e ninguém o pode questionar, Ele quis salvar os pecadores por meio de Cristo e condenar aqueles que o rejeitarem O Salvador do mundo e “ponto final.” (Jo.3.18).

A eleição divina é graciosa, é um ato da graça de Deus, dando a humanidade a oportunidade de salvação em Cristo. 

A eleição divina para a salvação e todas as bênçãos advindas dela, só é possível em Cristo, “nele”, “por”, “em” “com”, são expressões usadas pelo apóstolo Paulo na epístola aos Efésios.

2. Escolha humana e fatalismo: A graça comum (Rm 5.18) é estendida a todos os seres humanos, abrindo-lhes a oportunidade para crerem no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus - Fatalismo: acontecimentos que operam independentemente da nossa vontade, e dos quais não podemos escapar. Ora, a eleição de Deus não é destinada somente a alguns indivíduos, enquanto os outros, por escolha divina, vão para o inferno. Isso vai contra a natureza amorosa e misericórdia do Criador. Por isso, indistintamente Ele dá a oportunidade para que todos se salvem (At 17.30), pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34).

*A eleição divina não é uma determinação autoritária de Deus, mas sim uma oportunidade graciosa de salvação em Cristo proposta a humanidade pela proclamação do Evangelho, mas cada pessoa diante dessa proposta deve aceita-la ou rejeita-la. (Mc.16.15-16)

A eleição e predestinação divina é para a salvação e não pra condenação, ou seja, Deus não escolhe e predestina pessoas para a condenação, se assim fosse, Deus não seria amoroso, misericordioso, gracioso e justo.

*Atenção: Leia com cuidado, pra não me interpretar mal e dizer o que eu não disse neste comentário.

Alguém pode dizer: “Seria mais que justo Deus condenar a humanidade, pois o salário do pecado é a morte”, pois devido o pecado original de Adão e Eva, essa humanidade é nascida em pecado e vive em pecado.

Mas eu te pergunto: “O que a humanidade, o que nós temos haver com o pecado deles? Somos pecadores? Sim! Cometemos pecados? Sim! Mas se pecamos porque somos pecadores, é porque herdamos o pecado original de Adão e Eva. Não seria isso uma injustiça? Já nascermos em pecado, afastados de Deus, inclinados para o mal, sermos considerados injustos e condenados para o inferno? Por isso ser uma injustiça, foi que Deus enviou seu Filho, o “segundo Adão (1Co.15.45-49), para que em Cristo e na proclamação de seu Evangelho nós que somos injustos fôssemos justificados pela fé Nele e pudéssemos alcançar a salvação.

(Rm.5.17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. 19 Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. 20 Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 21 Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor).

3. A possibilidade da escolha humana: Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher: "todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16); "o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6.37); "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rm 10.13). Uma das coisas mais belas da Palavra de Deus é que, embora o Altíssimo seja soberano, Ele não criou seus filhos como robôs autómatos milimetricamente controlados. O nosso Deus deseja que todo ser humano, espontânea e livremente, o ame de todo coração e mente.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Ainda de acordo com a ideia de que o relacionamento entre o divino e o humano é uma via de mão dupla, a posição compatibilista de Lewis, que aventa o que chamei de ‘coexistência pacífica entre soberania divina e livre-arbítrio” ou 'compatibilidade incognoscível', é exemplificada pelo autor de As Crónicas de Nárnia, com a ideia de perdão. A ne­cessidade de tal ato da parte de Deus, 'move' a divindade e, 'Nesse sentido', diz ele, 'a ação divina é consequência do nosso comportamento, [e] é por ele condicionada e induzida'. Lewis então questiona retoricamente: 'Será que Isso significa que podemos 'influenciar' Deus?' 

O anglicano acredita que é até possível responder afirmativamente caso se quiser e diz que, se isso for dessa forma, é preciso então que se flexibilize a noção de 'impassibilidade' divina, 'de forma que admita isso', aventando a hipótese de que o comportamento humano, de alguma forma, 'influencia' o Criador, 'pois sabemos que Deus perdoa muito mais do que entendemos o significado de 'impassível'. Assim é que, a respeito dessa questão, Lewis diz que prefere 'dizer que, antes de existirem todos os mundos, Seu ato providencial e criativo (porque são uma coisa só) leva em conta todas as situações engendradas pelos atos de suas criaturas'. 

Mas, questiona, 'se Deus leva em conta nossos pecados, por que não nossas súplicas?' Isso significa que a oração, a súplica, move a Deus, Numa palavra, 'Deus e o homem não se excluem mutuamente, como o homem exclui ao seu semelhante no ponto de junção, por assim dizer, entre Criador e criatura; no ponto em que o mistério da criação — infinito para Deus e incessante no tempo para nós — ocorre de fato'. Isso significa que, 'Deus fez (ou disse) tal coisa' e eu fiz (ou disse) tal coisa' podem ambos ser verdadeiros'. Esta, inclusive, é a forma arminiana e pentecostal de crer. A soberania divina coexiste com o livre-arbítrio e qualquer tentativa de explicar como isso ocorre leva a equívocos e discussões desnecessárias" (CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte: A justiça sob a ática de Jesus. 1. ed. Rio de Janeiro; CPAD, 2017, pp.114,115).

CONCLUSÃO: O Evangelho é um presente oferecido a todas as pessoas, independente de méritos pessoais. Por isso o Senhor convida: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). Os que aceitam a esse convite estão predestinados a "serem conforme a imagem de seu filho", Jesus Cristo (Rm 8.29). Deus deseja que todo ser humano seja salvo!

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)

Cristais – Mg 18/11/17

Gmail: tiagoluispereira1@gmail.com

sábado, 11 de novembro de 2017

Lição 7 A Salvação pela Graça


                              Lição 7 A Salvação pela Graça

INTRODUÇÃO: A Lei no Antigo Testamento tem a função de instruir e ensinar ao povo o que Deus estabeleceu aos israelitas a fim de eles terem um convívio próspero, pacífico e harmonioso na terra de Canaã. Os mandamentos contêm preceitos indispensáveis de moral, de ética e de vida religiosa, sem os quais o povo viveria num caos. Entretanto, na impossibilidade de os seres humanos cumprirem plenamente a Lei para tornarem-se justos, Deus nos outorgou a sua maravilhosa graça.

Comentarista: Claiton Ivan Pommerening é Ministro do Evangelho, congrega na Assembleia de Deus de Joinvile (SC) e é graduado em Ciência Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau e em Teologia pela Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte. Possui especialização em Teologia e Bíblia pela Faculdade Luterana de Teologia e é Doutor e Mestre pela Faculdade EST. Atualmente é o Diretor da Faculdade Refidim e do Colégio Evangélico Pr. Manoel G. Miranda; vice-presidente da CEEDUC - Associação Centro Evangélico de Educação Cultura e Assistência Social em Joinvile (SC); e editor da Azusa Revista de Estudos Pentecostais da Faculdade Refidim de Joinvile (SC).


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COMENTÁRIO

#1. LEI E GRAÇA

1. O propósito da Lei: A Lei tem o propósito espiritual de mostrar quão terrível é o pecado - "pela lei vem o conhecimento do pecado." (Rm 3.20) , bem como o propósito concreto de preservar o povo de Israel do pecado. Mais tarde, a Lei também revelaria quão grande é a necessidade do ser humano, pela graça, obter a salvação, pois era impossível cumprir plenamente a Lei de Deus no Antigo Testamento (Rm 7.19; Tg 2.10). Entretanto, sob o ponto de vista dos aspectos morais da Lei, há princípios que continuam vigorando até os dias atuais. Esses princípios, conforme resumidos no Decálogo - os Dez Mandamentos -, representam nossas obrigações éticas para com Deus e com o próximo (Êx 20.1-17). Esse é o caminho traçado pelo Altíssimo para nós no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo (Jo 14.15; Jo 16.8-10). Nesse sentido, a própria lei moral de Deus é uma expressão de sua graça que representa a revelação clara de sua vontade santa, justa e boa (Rm 7.12).

*A Lei dada por Deus a nação de Israel, revela seu caráter e vontade e denuncia o pecado, Deus queria que os israelitas vivessem diferentes dos demais povos que eram idólatras, imorais, violentos, corruptos e etc. Diante da Lei de Deus, vemos como somos pecadores e a necessidade de termos nossos pecados perdoados, e sermos transformados para vivermos uma vida que agrada a Deus, mas por nós mesmos não temos nenhuma condição para tal, por isso carecemos do Salvador Jesus Cristo juntamente com seu Espírito Santo para operar em nós essa tão grande obra.

SUBSIDIO TEOLÓGICO

A Finalidade da Lei

Talvez em nenhuma outra passagem da Escritura o objetivo da lei esteja tão bem explicado como na carta aos Galatas. O apóstolo Paulo pergunta para que é a lei, e em seguida responde: 'Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro'. E mais adiante: 'De maneira que a lei serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados'(Gl 3.19,24).

Do texto bíblico, e à luz de todo o contexto, percebe-se que a lei, embora ordenada para o bem, não conseguiu justificar ninguém. Pelo contrário, foi alvo de muitas transgressões e culpas que deveriam levar o homem a conhecer a sua própria miséria e impotência e, partindo daí, a se humilhar diante de Deus, arrepender-se e a ser salvo mediante a fé. Todavia, em si mesmo, a lei não tinha poder algum para levar o homem ao Criador: 'E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé' (Gl 3.11).

A lei, portanto, serviu ao israelita, a quem foi dada, como um pedagogo, ou aio, até que a fé viesse. Mas depois que a fé veio, não estamos mais sujeitos ao pedagogo. Em outras palavras, o objetivo último da lei é fazer que o pecador sinta a necessidade de justificação e perdão, e levá-lo, ao final, a confiar em Jesus Cristo e a recebê-lo como seu único Salvador e Senhor, recebendo dele a salvação do pecado e da consequência deste, a morte espiritual (ALMEIDA, Abraão. O Sábado, a Lei e a Graça. 19.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 46,47).

2. A Lei nos conduziu a Cristo: A Lei foi uma espécie de guia para encontrarmos a Cristo por meio da graça (Gl 3.24). Ela nos convence, pela impossibilidade de ser cumprida, de que não podemos alcançar a salvação sem Cristo. Desse modo, quando a Lei se faz a própria justiça do homem, como mérito dele, ela se torna depreciativa, impossibilitando o ser humano de alcançar a salvação que só é possível mediante o evangelho da graça de Deus (Ef 2.8).

*A Lei nos conduz para Cristo, é necessário cumprir a lei, mas somos pecadores desde nossa concepção, o pecado está arraigado em nós e impossibilita-nos de cumprirmos a Lei por mais que nos esforcemos e observemos muitos pontos da Lei, se tropeçarmos em um só ponto mesmo assim seremos condenados; Para isto Deus enviou Jesus Cristo, o qual foi concebido sem pecado, viveu e morreu sem pecar, cumprindo toda a Lei e satisfazendo toda justiça de Deus, Jesus Cristo tomou sobre si todos nossos pecados, morreu por nós, em nosso lugar, portanto, o que precisamos é cremos em Cristo, aceitarmos o sacrifício Dele por nós, dessa forma, a salvação não é por obras, esforço ou mérito pessoal, mas sim pela fé e graça em Cristo Jesus.

3. A graça revela que a Lei é imperfeita: Paulo constata a superioridade do Espírito em relação à Lei (Gl 5.18) e, que por isso, morremos para a Lei (Rm 7.4; Gl 2.19). Assim, o escritor aos Hebreus revela que a Lei é imperfeita (Hb 8.6,7,13) e o apóstolo João afirma que foi Cristo quem trouxe a graça e a verdade (Jo 1.17). Sim, a graça é superior à lei! Logo, segundo as Escrituras, só existe a Lei por causa do pecado e para apontá-lo: "Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei" (Rm 7.7).

#2.O FAVOR IMERECIDO DE DEUS

1. Superabundante graça: Não há pecador, por pior que seja, que não possa ser alcançado pela graça divina, pois onde abundou o pecado, que foi exposto pela Lei, superabundou a graça de Deus (Rm 5.20). Por meio da compreensão dessa maravilhosa graça, o apóstolo João escreveu: "se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo" (1Jo 2.1).

*(Rm.5.15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. 16 E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 18 Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. 19 Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. 20 Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 21 Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.

2. Fé e graça: A graça opera mediante a fé no sacrifício vicário de Cristo Jesus. Ambas, fé e graça, atuam juntamente na obra de salvação: a graça, o presente imerecido de Deus; a fé, a contrapartida humana à obra de Cristo. Nesse sentido, não é a fé que opera a salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus (Rm 3.28; 5.2; Fp 3.9).

*Monergismo ou Sinergismo: Muitos se discutem, dizendo que a salvação na perspectiva arminiana é errônea, segundo os calvinistas, os arminianos defendem que a salvação é obra humana e não divina, pelo fato de dizermos que o ser humano tem o livre arbítreo, ou seja, o direito de escolha, de receber ou rejeitar a salvação em Cristo, mas esse conceito arminiano é mal interpretado por eles, pois só podemos exercermos fé na obra de Cristo ou rejeitá-la, porque Deus primariamente executou sua graciosa obra de salvação por meio de seu Filho Jesus Cristo, ou seja, a salvação então, é obra divina, pois foi Ele que deu o primeiro passo, e nós somente correspondemos, só podemos amá-lo porque Ele nos amou primeiro (1Jo.4.19).

3. A graça não é salvo conduto para pecar: Segundo o ensino das Sagradas Escrituras, a graça jamais pode ser vista como um salvo conduto para a prática do pecado ou da libertinagem (Gl 5.13). Pelo contrário, a graça de Deus nos convoca à obediência ao doador da graça, pois quando se ama fazemos de tudo para agradar a pessoa amada. Por isso, o amor de Cristo nos "constrange" (2 Co 5.14) a fazer algo que agrade ao Pai (1Ts 4.1). Logo, quem é alcançado pela graça compreende o quanto somos devedores a Deus e aos irmãos (Rm 13.8) e, por isso, desejamos amar o outro como Cristo amou (Jo 13.35). Os que estão sob a liberdade da graça vivem a santidade que reflete a beleza de Cristo no homem interior, onde este se revela vivo para Deus, mas morto para o pecado (Rm 6.11,13).

(Rm.6.1 QUE diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? 2 De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Graça

As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir a ideia de graça são chanan ('demonstrar favor' ou 'ser gracioso') e suas formas derivadas (especialmente chên) e chesedh ('bondade fiel' ou 'amor infalível'). A primeira refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Rs 13.23) ou aos rogos pelo perdão de pecados (SI 41.4). Isaías revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo (Is 30.18). Mas a salvação pessoal não é o assunto de nenhum desses textos. O substantivo chen aparece principalmente na frase 'achar favor aos olhos de alguém' (dos homens; Gn 30.27; 1 Sm 20.29; de Deus: Êx 34.9; 2 Sml5.25). Chesedh contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor. É um 'conceito central que expressa mais claramente seu modo de entender o evento da salvação... demonstrando livre graça imerecida. O elemento da liberdade... é essencial'. Paulo enfatiza a ação de Deus, e a graça concretizada na cruz de Cristo'. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: 'Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, pois 'pela graça sois salvos' (Ef 2.5,8)" (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 344,345).

CONHEÇA MAIS

Graça

Uma das maneiras de Deus demonstrar sua bondade é através da graça salvífica. No Antigo Testamento, a ênfase da graça recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. No Novo Testamento, a graça, como dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo." Leia mais em Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal, por Stanley Horton, CPAD, pp. 344,45.

#3.O ESCÂNDALO DA GRAÇA

1. Seria a graça injusta? Se comparada com a humana, a justiça divina é imensamente perdoadora. Logo, sob a ótica humana, a graça se torna injusta. Por esse motivo, a graça é considerada um escândalo (Cl 2.14; Ef 2.8,9). Pelo fato de não haver merecimento por parte do recebedor, o apóstolo enfatiza a impossibilidade de a graça e a lei "andarem juntas", pois ambas são excludentes: "porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (Gl 2.16); pois como diz Atos dos Apóstolos: "mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo" (15.11). Logo, pela lei é impossível o pecador se salvar, mas dependendo única e exclusivamente da maravilhosa graça de Deus, ele encontrará descanso para a alma (Mt 11.28-30).

SUBSÍDIO ADICIONAL
Fonte: Ensinador Cristão – n° 72

Uma acusação comum aos pentecostais é que não conhecemos a graça de Deus. Acusa-nos de legalistas porque em pleno século XXI preservamos costumes -como os que de quaisquer igrejas evangélicas também são conservados, embora diferente dos nossos - em detrimento da graça de Deus, dizem eles.

Nesse assunto, os pentecostais também concordam com a teologia arminiana, em que o fundamento essen­cial na dinâmica da salvação é o da graça preveniente e que toda salvação é fruto inteiramenteda graça de Deus. Retomando mais uma vez o auxílio do teólogo arminiano Roger Olson, passamos a conceituar graça previniente.

A graça proveniente é uma doutrina elevada da graça
Com graça proveniente se quer dizer o chamado de Deus no sentido de ser dEle a iniciativa do começo de relação com uma pessoa que é livre para responder a esse chamado com arrependimento e fé. Esse processo proveniente da graça, segundo Roger Olson, inclui ao menos quatro aspectos: chamada, convicção, iluminação e capacitação. Por isso, alinhado à visão arminiana, o pentecostal não tem dificuldade de pregar a graça de Deus e, ao mesmo tempo, reconhecer que a chamada para a salvação pode ser rejeitada pela pessoa. É muito claro para o pentecostal que nenhuma pessoa pode arrepender-se, crer e ser salva sem o auxílio sobrenatural do Espírito Santo. Este age do início ao fim do processo salvífico. Entretanto, é preciso que a pessoa não resista ao Espírito, como fizeram os fariseu são resistirem ar­duamente à mensagem de Jesus Cristo (Mt 12.22-32), mas coopere com o Espírito reconhecendo a própria condição de pecador e crendo no único Salvador.

O que pensava Armínio acerca da graça de Deus na salvação?
Segundo Roger Olson, a teologia de Armínio sem­pre foi compromissada com a graça de Deus e o teólogo holandês jamais atribuiu qualquer eficácia salvífica à bondade ou à força de vontade do ser humano. Isso é importante destacar, pois é um equívoco pensar que quem afirma que o ser humano pode resistir a graça de Deus está dizendo que o que define a salvação é a vontade humana. Nada mais injusto!

Não havia dúvida para Armínio que a salvação era de graça, provinha de Deus, era um presente incomensurável do Altíssimo para o homem. Entretanto, o problema para Armínio, e o mesmo para os pentecostais, era que "de acordo com as escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida".

2. A divina graça incompreendida: Nos dias do apóstolo Paulo, muitos não compreenderam seus ensinamentos sobre a graça de Deus (2 Pe 3.15,16). Por isso, ao longo da história da Igreja, dois extremos estiveram presentes acerca da compreensão da graça:

(1) Liberdade total para pecar (Rm 6.1,2); (2) a impossibilidade de receber tão valioso presente (Gl 5.4,5). O primeiro, naturalmente, leva a pessoa à libertinagem. Entretanto, a Palavra de Deus mostra que maior castigo sobrevirá sobre os que profanarem o sangue do pacto e ultrajarem o Espírito da graça (Hb 10.29). O segundo extremo se refere ao perigo do legalismo, à ideia de que para ser salvo por Deus é preciso dar algo em troca. Tal atitude pode levar o crente ao orgulho espiritual (Ef 2.8-10) e gerar toda sorte de comportamentos hipócritas (Mt 23-23).

*O Comentarista nos expõe duas interpretações errôneas e extremas a respeito da Graça de Deus manifesta em Cristo Jesus.

#Liberdade total para pecar: Não somos salvos pelas obras, mas fomos salvos para as boas obras (Ef.2.8-10), Deus odeia o pecado, a obra da salvação visa nos livrar do pecado e todas as suas implicações, inclusive nos libertar do poder do pecado, afim de que sejamos novas criaturas, andando em novidade de vida (2Co.5.17).

(1Co.6.9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, 10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus).

(Gl.6.7 Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. 8 Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna).

#Impossibilidade de receber: Esse é um dos pontos que Satanás usa para impedir as pessoas de alcançarem a salvação em Cristo, pois ele quer anular a obra de Cristo, e fazer com que a pessoa pense que ela é tão pecadora, que não é digna de receber a salvação pela obra de Cristo, mas pelos seus próprios esforços, dessa forma ainda que a pessoa esteja vivendo uma religiosidade em devoção profunda com intuito de ir ao céu, está junto com os demais pecadores dando passos largos para o inferno, era essa situação do “Grande Reformador” Martinho Lutero, do “Grande Teólogo” John Wesley, que ao serem iluminados pelo Espírito Santo de Deus puderam achar descanso para suas almas na MARAVILHOSA GRAÇA DE DEUS.

3. Se deixar presentear pela graça: Humanamente é impossível ao crente, alcançado pela graça, retribuir a Deus tão grande salvação. Se fosse possível, já não seria graça, favor imerecido; mas mérito pessoal que tiraria de Deus a autoria divina da salvação. Em nosso relacionamento com Ele, quem tem mérito é seu Filho, Jesus Cristo (Fp 2.9-11). Assim, os que compreendem o favor inefável de Deus, mediante sua graça, devem deixar-se presentear por ela. Quem compreende o que significa ser justificado por Deus se permite "embalar nos braços de amor e de perdão" do Pai. Para os filhos de Deus, cônscios do valor da graça do Pai, tudo é presente, tudo é dádiva, tudo é favor imerecido! Portanto, deixe-se presentear pela graça de Deus!

SUBSÍDIO DIDÁTICO-TEOLÓGICO

Professor (a), para ajudar seus alunos a terem uma compreensão melhor a respeito da graça, reproduza o quadro abaixo e discuta com eles cada um dos tópicos.

MARAVILHOSA GRAÇA

Deus escolheu um povo para si mesmo, Israel. O Senhor não era obrigado a fazer isso; Ele fez pela graça (Dt 7.7,8).

Deus fez um acordo, uma aliança de amizade, com seu povo. Sua graça signi­ficava que Ele permanecia leal a Israel, mesmo quando seu povo foi infiel a Ele (SI 25.14).

Deus demonstra sua graça, acima de tudo, em sua 'operação de resgate', sua salvação dos pecadores (Ef 2.5).

Deus torna sua graça conhecida dos pecadores quando seus pecados são perdoados e absolvidos. Mais uma vez, essa graça é totalmente imerecida. "O amor demonstrado por aqueles passíveis de não ser amados" (Ef 2.1-10).

Deus, por intermédio de sua graça, faz os pecadores responderem a Ele e serem pessoas transformadas (At 2.37-41). E os pecadores, salvos pela graça, conhecem cada vez mais a Deus por meio da graça (começando com Gl 4.9).

A graça do Senhor Jesus Cristo que é importante, em especial a graça demons­trada em sua morte na cruz (Gl 1.3,4).

A graça nos chama. Passamos a conhecer essa salvação porque Deus, em sua graça, escolheu-nos (Gl 1.15). Lançamos mão dessa graça pela fé (Gl 2.16). Assim, somos salvos pela graça para nos transformar em uma nova pessoa (G1 6.15).

CONCLUSÃO: Na lição desta semana, estudamos a relação da Graça e a Lei; vimos que a graça é favor imerecido; e compreendemos que ela chega a ser um escândalo para os que não creem. Portanto, estamos cônscios de que o que nos salva é a graça de Deus mediante a fé somente (Ef 2.8). E o livre-arbítrio? É possível perder a salvação? São assuntos que veremos nas próximas lições.

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)

Cristais – Mg 11/11/17