Lição 10 As Manifestações do Espírito Santo
INTRODUÇÃO: As manifestações do Espírito de Deus, tais como
veremos, dizem respeito, primeiramente ao batismo no Espírito Santo e aos dons
espirituais. São dois temas da teologia pentecostal que nunca se esgotam e são
importantes porque se tratam de evidências bíblicas de que a comunicação divina
com o seu povo, e com cada crente individual, nunca cessou. Não somente a
Bíblia, mas também o testemunho da história, e da experiência cristã, corrobora
essa verdade. É sobre isso que trata o nosso estudo.
Comentarista: Pastor Esequias Soares é
líder da Assembleia de Deus em Jundiaí – SP, graduado em Letras
(Hebraico) pela Universidade de São Paulo, Mestre em Ciências da
Religião pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie,
professor de Hebraico, Grego e Apologia Cristã. Conferencista e
palestrante em diversas eventos e igrejas no Brasil e no exterior,
sempre alertando contra as falsas doutrinas e seitas. https://youtu.be/2Evr_JGD7Fs
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#1.A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
1. A experiência do Pentecostes: Não é difícil descobrir na
Bíblia o que é o batismo no Espírito Santo. João Batista disse: "E eu, em
verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). Há inúmeras interpretações dessa passagem. No
entanto, o próprio Senhor Jesus se referiu a esse batismo como a promessa do
Pai (At 1.4) e acrescentou: "Porque, na verdade, João batizou com água,
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes
dias" (At 1.5). Essa declaração vincula Mateus 3.11 com a experiência do
dia de Pentecostes relatada em Atos 2.2-4. A prova disso é que o apóstolo Pedro
identificou a experiência de Cornélio (At 10.44-46) com a promessa anunciada
por João Batista e reiterada pelo Senhor Jesus (At 11.15-17).
* Pentecostes: festa da tradição
hebraica, onde é chamada de Shavuoth (“semanas”). Durava 7 semanas, desde o dia
seguinte à Páscoa até o cinquentésimo dia. À base dessa festa existe uma
tradição agrícula, que coincide com o início da colheita, seja de trigo que
frutas e vegetais. Os agricultores agredeciam a Deus esse dom com ofertas das
primícias. As 7 semanas, como dissemos, começavam a partir da Festa da Páscoa
(Pesah, festa da libertação do Egito). No cinquentésimo dia, cada família
oferecia os seus dons derivados da colheita. Em Levíticos 23,34-44 são
indicados os detalhes desta festa, celebrada até hoje pelos judeus, e nos dias
dessa festa, Deus cumpriu a sua promessa (At.2)
“A promessa do Pai”, se refere a
profecia de (Joel.2.28-29), depois por João Batista (Mt.3.11), por Jesus
(Lc.24.42); (At.1.4-5) e cumprida em (At.2).
2. Batismo "no" Espírito Santo ou "com
o" Espírito Santo?: As duas traduções são legítimas à luz da gramática
grega e aceitáveis de acordo com o contexto. A ideia de batismo no Novo
Testamento é de imersão, submersão (Rm 6.3,4; Cl 2.12). A Almeida Revista e
Atualizada tem uma nota em Mateus 3.11 e Atos 1.5 informando "com; ou
em" e a Nova Versão Internacional também traz uma nota similar. A Versão
Almeida Revisada da Imprensa Bíblica Brasileira emprega "batizar em
água" e "batizar no Espírito Santo" nas referidas passagens,
respectivamente. Nós adotamos "em água" e "no Espírito
Santo", pois "com", pode parecer aspersão, o que contradiz a
ideia de imersão.
* “O dom do Espírito Santo”, era
a terminologia usada pelos apóstolos para designar o batismo no Espírito Santo.
(At.2.38); (At.10.45); (At.11.15-17).
3. Os sinais sobrenaturais: Há três sinais que mostram a
ação sobrenatural do Espírito Santo por ocasião de sua descida no dia de
Pentecostes: o som como de um vento (At 2.2), a visão das línguas repartidas
como que de fogo (2.3) e o falar em línguas (2.4). Os dois primeiros sinais
jamais se repetirão, pois foram manifestações exclusivas que tiveram como
objetivo anunciar a chegada do Espírito Santo. Alguém tão importante quanto o
Filho, cuja encarnação e nascimento em Belém, ainda que extraordinários, porque
o verbo se fez carne (Lc 2.9-11; Jo 1.4), tiveram sinais semelhantes. Além
marcar a chegada do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, as manifestações
sobrenaturais também inauguraram a Igreja. Assim, o som soava como vento, mas
não era vento, e da mesma forma visão não era fogo, mas lembrava o fogo de Deus
(Êx 3.2; 1Rs 18.38). Foi um acontecimento singular, algo que ocorreu uma única
vez.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Para auxiliar na preparação da sua
aula, há alguns termos importantes que você deve conhecer bem a fim de ter
êxito no assunto em foco. Por isso, reproduzimos esses três termos a fim de
enriquecer a explicação deste tópico, Observe o quadro abaixo.
#PENEUMATOLOGIA: [De pneuma,
espírito + logia, estudo] Estudo sistemático da Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade [,..]. Onde a análise da pessoa obra e ministério do Espírito Santo é
contemplada.
#PARACLETO: Advogado. Defensor. Um dos títulos do Espírito Santo.
#GLOSSOLALIA: A glossolalia,
conhecida também como dom de línguas, línguas estranhas ou variedades de
línguas, é um dom espiritual que, à semelhança dos demais [...], continua atual
e atuante na vida da Igreja. O objetivo da glossolalia é anunciar sobrenatural
e extraordinariamente o Evangelho de Cristo, como aconteceu no Dia de
Pentecoste (At 2).
#2.A NATUREZA DAS LÍNGUAS
1. Fonte: As línguas do Pentecostes eram sobrenaturais, pois
foram caracterizadas como "outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem" (At 2.4). O termo grego para "outras"
aqui é héterais, de héteros, "outro de tipo diferente". Há quem
questione esse conceito, mas a fonte delas é o próprio Espírito Santo, o que
torna a evidência visível e contundente. A outra evidência está presente na
audição, e não simplesmente na fala, pois "cada um os ouvia falar em sua
própria língua" (2.6). Lucas repete essa informação por mais duas vezes
(vv.8,11). E, no versículo 11, ele acrescenta: [...] "Todos os temos
ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus".
*Não é de origem humana, ou
seja, não aprenderam, não estudaram para falar, mas falavam inspirados pelo
Espírito Santo. “conforme o Espírito Santo concedia que falassem” (At.2.4).
2. A glossolalia: É a manifestação das línguas estranhas no
batismo no Espírito Santo bem como das línguas como um dos dons espirituais.
Trata-se um termo técnico de origem grega glossa, "língua, idioma", e
de lalia, "modo de falar" (Mt 26.73), conjugado à
"linguagem" (Jo 8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein,
"falar". A expressão lalein glossais, "falar línguas" (1Co
14.5), é usada no Novo Testamento para indicar "outras línguas". É
importante saber que as línguas manifestas no dia de Pentecostes são as mesmas
que aparecem na lista dos dons espirituais (1Co 12.10,28; 14.2). Ambas são de
origem divina e sobrenatural, mas são diferentes apenas quanto à função.
CONHEÇA MAIS
Glossolalia
"[Do gr. glosso, língua +
latia, falar em língua] Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que
capacita o crente a fazer enunciados proféticos e de enaltecimentos a Deus em
línguas que lhe são desconhecidas. [...] A glossolária, conhecida também como
dom de línguas, línguas estranhas ou variedade de línguas, é um dom espiritual
que, à semelhança dos demais, não ficou circunscrito aos dias dos apóstolos:
continua atual e atuante na vida da Igreja". Para conhecer mais, leia
Dicionário Teológico, CPAD, pp.201-02.
3. Sua continuação: O falar em "outras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4), é a evidência
inicial do batismo no Espírito Santo. Essa experiência se repete na história da
Igreja. Isso aconteceu na casa do centurião Cornélio: "E os fiéis que eram
da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o
dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam
falar em línguas e magnificar a Deus" (At 10.45,46), exatamente como
aconteceu no dia de Pentecostes. Outra vez, o mesmo fenômeno acontece com a
chegada de Paulo em Éfeso, em sua terceira viagem missionária (At 19.6). As
línguas, as profecias e a ciência são válidas para os nossos dias, mas vão
cessar por ocasião da vinda de Jesus (1 Co 13.8-10).
*A evidência inicial do batismo
com o Espírito Santo é o falar em línguas, é um sinal visível e audível, leia
essa passagem bíblica:
(At.8.15 Os quais, tendo descido,
oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo 16 (Porque sobre nenhum
deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus).
17 Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. 18 E Simão,
vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes
ofereceu dinheiro, 19 Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele
sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo).
Perceba que Simão viu que as
pessoas recebiam o Espírito Santo, e aqui está se tratando do batismo no
Espírito Santo, e não ter a presença do Espírito Santo como morada, pois já
haviam crido em Jesus e já haviam sidos batizados em águas. Leia também
(At.10.44-47); (At.11.15-17); (At.19.5-6).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"[.,.] A xenolalia é, ao mesmo
tempo, a mais difícil variação da glossolalia para documentar e a mais
amplamente registrada. Por exemplo, Emílio Conde relatou, na obra História das
Assembleias de Deus no Brasil, p.67, que no primeiro batismo nas águas na
cidade de Macapá (AP), em 25 de dezembro 1917, a nova convertida Raimunda Paula
de Araújo, ao sair das águas foi batizada com o Espírito Santo. Ela falou em
línguas estranhas com tanto poder que os assistentes encheram-se de temor de
Deus. Os judeus negociantes da cidade haviam comparecido ao batismo. Um deles,
Leão Zagury, ficou tão emocionado e maravilhado com a mensagem que ouvira que
não se conteve e clamou em alta voz no meio da multidão: 'Eis que vejo a glória
do Deus de Israel, pois esta mulher está falando a minha língua'. O judeu não
era crente. Porém, Deus, através da crente Raimunda, falou-lhe em
hebraico" (ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007, p.332).
#3.SIGNIFICADO E PROPÓSITO
1. O batismo no Espírito Santo não é sinônimo de salvação: Trata-se
de bênçãos diferentes. Todos os crentes em Jesus já têm o Espírito Santo. Na
regeneração, o Espírito promove o novo nascimento, que é um ato direto do
Espírito Santo (Jo 3-6-8). O pecador recebe o Espírito no exato momento em que
aceita, de verdade, a Jesus (Cl 3.2; Ef 1.13). Os discípulos de Jesus já tinham
seu nome escrito no céu (Lc 10.20) e igualmente tinham o Espírito Santo mesmo antes
do Pentecostes (Jo 20.22).
2. Definição e propósitos: O batismo no Espírito Santo é o
recebimento de poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho
em todo o mundo (Lc 24.46-49). O seu propósito é capacitar o crente a viver uma
vida cristã vitoriosa e, sobretudo, para testemunhar com ousadia sobre a sua fé
em Cristo (At 1.8). É um revestimento de poder para viver a vida regenerada, um
poder espiritual que contribui para a edificação interior da vida cristã do
crente e que o ajuda quando a mente não pode fazê-lo.
*O batismo no Espírito Santo é o
revestimento de poder (Lc.24.49), sendo evidenciado inicialmente pelo o falar
em línguas como já estudamos, com o propósito de sermos testemunhas ousadas de
Jesus Cristo em todo o mundo (At.1.8) e intrínseco a isso, capacita-nos a vivermos
uma vida de maior comunhão e intimidade com Deus, quando falamos em línguas somos edificados espiritualmente (1Co.14.2,4,14).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"[...] Os pentecostais
acreditam que a experiência distintiva do batismo no Espírito Santo, tal como
Lucas a descreve, é crucial para a Igreja contemporânea. Stronstad diz que as
implicações da teologia de Lucas são claras: Já que o dom do Espírito era
carismático ou vocacional para Jesus e a Igreja Primitiva, assim também deve
ter uma dimensão vocacional na experiência do povo de Deus hoje'. Por quê?
Porque a Igreja hoje, da mesma forma que a Igreja em Atos dos Apóstolos,
precisa de poder dinâmico do Espírito para evangelizar o mundo de modo eficaz e
edificar o corpo e Cristo. O Espírito veio no dia de Pentecostes porque os
seguidores de Jesus precisavam de um batismo no Espírito que vestisse de poder o
seu testemunho, de maneira que outros pudessem também entrar na vida e na
salvação'. E, por ter vindo no dia de Pentecostes, o Espírito volta repetidas
vezes, visando o mesmo propósito" (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia
sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal o de Janeiro: CPAD, 1996, p.456).
#4. OS DONS ESPIRITUAIS
1. Os dons espirituais: São manifestações do poder de Deus
que nos capacitam a continuar a missão de Cristo no mundo e as demonstrações
desse poder na vida da Igreja (At 1.8). A Igreja não se sustenta sozinha, por
isso o Senhor Jesus enviou o Espírito Santo (Jo 14.16-18). Há pelo menos três
listas desses dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10,28-30), embora não ousamos dizer que
sejam apenas esses, pois não existe uma lista exaustiva deles no Novo Testamento.
*Dons espirituais, propósitos:
1. Manifestar a graça, o poder e o
amor do Espírito Santo entre seu povo nas reuniões públicas nos lares, nas
famílias e nas atividades pessoais (1Co.11.4-7; 14.25); (Rm.15.18-19); (Ef.4.8)
2. Ajudar a tornar eficaz a pregação
do evangelho aos perdidos, confirmando de modo sobrenatural a mensagem do
evangelho (Mc.16.15-20); (At.14.8-18; 16.16-18; 19.11-20; 28.1-10).
3. Suprir as necessidades humanas,
fortalecer e edificar espiritualmente, tanto a congregação (1Co.12.7, 14-30);
(1Co.14.3,12,26), como os crentes individualmente (1Co.14.4), isto é,
aperfeiçoar os crentes na “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência,
e de uma fé não fingida” (1Tm.1.5); (1Co.13).
4. Batalhar com eficácia na guerra
espiritual contra Satanás e as hostes do mal (Is.61.1); (At.8.5-7); (At.26.18);
(Ef.6.11-12). Alguns trechos bíblicos que tratam dos dons espirituais são:
(Rm.12.3-8); (1Co.1.7; Capítulos 12-14); (Ef.4.4-16); (1Pe4.10-11).
(Bíblia de Estudo Pentecostal. Pg.1754)
2. Os dons são dados aos crentes individualmente: A
manifestação dos dons ocorre por meio das três Pessoas da Trindade: pelo
Espírito, na "diversidade de dons" (1Co 12.4); pelo Senhor, na
"diversidade de ministérios" (v.5); e pelo Deus Pai, na "diversidade
de operações (v.6). Mas a fonte dos dons é o Espírito Santo e, por isso, essa
manifestação é dada por Ele "a cada um para o que for útil" (1Co
12.7) e não para exibição ou ostentação do crente, porque o mérito é do Senhor
Jesus (At 3.12). Outra vez o apóstolo enfatiza a origem dos dons, o Espírito
Santo, pois reconhece que é este mesmo quem "opera todas essas coisas,
repartindo particularmente a cada um como quer" (1Co 12.11).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO IV
Dons Espirituais.
Recursos extraordinários que o
Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou à disposição da Igreja,
visando:
1) o aperfeiçoamento dos santos;
2) a ampliação do conhecimento, do
poder e da proclamação do povo de Deus; e:
3) chamar a atenção dos incrédulos à
realidade divina. Os dons espirituais dividem-se em três grupos:
l - Dons de Revelação. Palavra da
sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Através dos
quais a igreja é capacitada a conhecer de maneira sobrenatural.
Il - Dons de Poder. Fé, Maravilhas e
Cura. Por intermédio dos quais a Igreja pode agir de forma extraordinária.
Ill - Dons de Alocução. Línguas,
interpretação e profecia. Por meio dos quais a Igreja recebe a graça de
proclamar os arcanos divinos de modo milagroso (ANDRADE, Claudionor Corrêa de.
Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.127-28).
Subsídio teológico:
PERSPECTIVA GERAL.
Uma das maneiras do Espírito Santo manifestar-se é através de uma variedade de dons espirituais concedidos aos crentes (12.7-11). Essas manifestações do Espírito visam à edificação e à santificação da igreja (12.7; ver 14.26 nota). Esses dons e ministérios não são os mesmos de Rm 12.6-8 e Ef 4.11, mediante os quais o crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais permanente. A lista em 12.8-10 não é completa. Os dons aí tratados podem operar em conjunto, de diferentes maneiras.
(1) As manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito (12.11), ao surgir a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons (12.31; 14.1).
(2) Certos dons podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de um dom para atendimento de necessidades específicas. O crente deve desejar “dons”, e não apenas um dom (12.31; 14.1).
(3) É antibíblico e insensato se pensar que quem tem um dom de operação exteriorizada (mais visível) é mais espiritual do que quem tem dons de operação mais interiorizada, i.e., menos visível. Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo quanto ela faz ou ensina. Não se deve confundir dons do Espírito, com o fruto do Espírito, o qual se relaciona mais diretamente com o caráter e a santificação do crente (Gl 5.22,23).
(4) Satanás pode imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados como servos de Cristo podem fazer o mesmo (Mt 7.21-23; 24.11, 24; 2Co 11.13-15; 2Ts 2.8-10). O crente não deve dar crédito a qualquer manifestação espiritual, mas deve “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4.1; cf. 1Ts 5.20,21; ver o estudo PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO).
OS DONS ESPIRITUAIS.
Em 1Co 12.8-10, o apóstolo Paulo apresenta uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características desses dons, mas noutros trechos das Escrituras temos ensino sobre os mesmos.
(1) Dom da Palavra da Sabedoria (12.8). Trata-se de uma mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou problema específico (At 6.10; 15.13-22). Não se trata aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na sua Palavra, e pela oração (Tg 1.5,6).
(2) Dom da Palavra do Conhecimento (12.8). Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento a respeito de pessoas, de circunstâncias, ou de verdades bíblicas. Freqüentemente, este dom tem estreito relacionamento com o de profecia (At 5.1-10; 1Co 14.24,25).
(3) Dom da Fé (12.9). Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus para a realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (13.2) e que freqüentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais como as curas e os milagres (ver Mt 17.20, nota sobre a fé verdadeira; Mc 11.22-24; Lc 17.6).
(4) Dons de Curas (12.9). Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (Mt 4.23-25; 10.1; At 3.6-8; 4.30). O plural (“dons”) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de curas não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo (cf. 12.11,30), todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Havendo fé, os enfermos serão curados (ver o estudo A CURA DIVINA). Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tg 5.14-16 (ver Tg 5.15 notas).
(5) Dom de Operação de Milagres (12.10). Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos (ver Jo 6.2 nota; ver o estudo O REINO DE DEUS).
(6) Dom de Profecia (12.10). É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Ef 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas (ver o estudo DONS MINISTERIAIS PARA A IGREJA). Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18). Quanto à profecia, como manifestação do Espírito, observe o seguinte: (a) Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (14.24,25, 29-31). Aqui, não se trata da entrega de sermão previamente preparado. (b) Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (14.3; ver o estudo O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO). (c) A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (14.3, 25,26, 31). (d) A igreja não deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1Jo 4.1). Daí, toda profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo (14.29, 32; 1Ts 5.20,21). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1Jo 4.1), contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (12.3). (e) O dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (12.11).
(7) Dom de Discernimento de Espíritos (12.10). Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não (ver 14.29 nota; 1Jo 4.1). No fim dos tempos, quando os falsos mestres (ver Mt 24.5 nota) e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito (ver 1Tm 4.1 nota), esse dom espiritual será extremamente importante para a igreja.
(8) Dom de Variedades de Línguas (12.10). No tocante às “línguas” (gr. glossa, que significa língua) como manifestação sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos: (a) Essas línguas podem ser humanas e vivas (At 2.4-6), ou uma língua desconhecida na terra, e.g., “línguas... dos anjos” (13.1; ver cap. 14 notas; ver também o estudo O FALAR EM LÍNGUAS). A língua falada através deste dom não é aprendida, e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala (14.14), como pelos ouvintes (14.16). (b) O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus (i.e., na oração, no louvor, no bendizer e na ação de graças), expressando-se através do espírito mais do que da mente (14.2, 14) e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito Santo, à parte da atividade da mente (cf. 14.2, 15, 28; Jd 20). (c) Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem (14.3, 27,28). Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino para a igreja (cf. 14.6). (d) Deve haver ordem quanto ao falar em línguas em voz alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de controle” (14.27,28; ver o estudo O FALAR EM LÍNGUAS).
(9) Dom de Interpretação de Línguas (12.10). Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas. Tal mensagem interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda a congregação pode assim desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela recebe a mensagem (14.6, 13, 26). A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa interpretá-las (14.13).
Bíblia de Estudo Pentecostal - Dons Espirituais para o Crente - Págs 1756 - 1757.
CONCLUSÃO: A descida do Espírito Santo é acompanhada dos dons
espirituais. Eles são atuais na vida da Igreja e são dados a cada um para o que
for útil, sempre para o bem da igreja local. Trata-se de ferramentas
importantes e indispensáveis para os crentes, razão pela qual devemos lhes dar
a devida atenção.
Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica
Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – missões)
Cristais – Mg 29/08/17
Gmail: tiagoluispereira1@gmail.com