Comentarista: Claiton Ivan Pommerening é Ministro do Evangelho, congrega na Assembleia de Deus de Joinvile (SC) e é graduado em Ciência Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau e em Teologia pela Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte. Possui especialização em Teologia e Bíblia pela Faculdade Luterana de Teologia e é Doutor e Mestre pela Faculdade EST. Atualmente é o Diretor da Faculdade Refidim e do Colégio Evangélico Pr. Manoel G. Miranda; vice-presidente da CEEDUC - Associação Centro Evangélico de Educação Cultura e Assistência Social em Joinvile (SC); e editor da Azusa Revista de Estudos Pentecostais da Faculdade Refidim de Joinvile (SC).
Faça o Download da Lição
(Fazendo o Download da lição, o arquivo fica no seu dispositivo, podendo ter acesso quando você quiser, sem precisar da internet)
Comentário
#1.JUSTIFICADOS POR DEUS
1. A natureza da Justificação: A justificação evoca a ideia
de um tribunal jurídico em que pesam terríveis e verdadeiras acusações contra
nós, mas que por meio do sacrifício expiatório e substitutivo de Cristo, se
tornaram nulas (Rm 4.24,25). Assim, somos declarados inocentes, pois nossa
condenação foi substituída pela pena paga por Cristo na cruz (2 Co 5.21). É um
ato gracioso e amoroso de Deus para nós, sem interferência dos méritos humanos,
cabendo ao homem somente crer mediante a fé na obra que Jesus operou (Rm 5.1).
Entretanto, cabe ressaltar que a fé é o meio instrumental para nos unir a
Cristo, o nosso justificador, e não a causa da justificação. Logo, a
justificação tem como consequência direta o perdão dos pecados, a reconciliação
do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação da vida.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A Justificação
Assim como a regeneração leva a
efeito uma mudança em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação
diante de Deus. O termo ‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com
base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz. Deus declara
os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas
consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos. O Deus
que detesta ‘o que justifica o ímpio’ (Pv 15.17) mantém sua própria justiça ao
justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm
3,21-26). Constamos, portanto, diante de Deus como plenamente absolvidos.
Para descrever a ação de Deus a
justificar-nos, os termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx
23.7; Dt 25.1; 1Rs 8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt
12.37; Rm 3.20; 8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos,
no entanto, considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem
no entanto sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a
nossa justiça (l Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua
justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós” (HORTON, Stanley M. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.
372).
2. A necessidade de Justificação: A necessidade da
justificação é para que nos encontremos justos e santos diante de Deus, a fim
de que sejamos participantes das bênçãos da salvação e para que o Diabo não
acuse o crente dos pecados que Cristo perdoou (Rm 8.33,34). Nesse sentido, a
pessoa justificada está livre de condenação e é herdeira da vida eterna, tendo
como resultado prático a paz com Deus (Rm 5.1).
*Pelo fato de sermos pecadores tanto
pelo pecado original e pela prática de nossos pecados, somos considerados
injustos e culpados diante de Deus, nessa condição estamos afastados de Deus e
condenados a perdição eterna. (Rm.3.23)
Quando pela fé recebemos Cristo
como Senhor e Salvador, aceitando o sacrifício Dele por nós, nossos pecados são
perdoados pelo Seu sangue, somos declarados justos, dessa forma somos
reconciliados com Deus, livres da condenação e recebemos pela graça a Vida
Eterna (Rm.3.24-25); (Rm.5.1-2, 8-11); (Rm.8.1).
3. A impossibilidade da autojustificação: Os que reconhecem
a necessidade de justificação são alcançados por ela. Para ilustrar essa
realidade espiritual, o Senhor Jesus ensinou sobre a justificação apresentando
a história de um fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar certos
pecados, mas não alcançou a justificação; enquanto o publicano, que reconhecia
a sua miséria diante de Deus, teve os seus pecados perdoados e sua vida
justificada (Lc 18.9-14). Nesse aspecto, a justificação não se refere ao
esforço humano por pureza ou santidade, mas ao estado de retidão diante de Deus
por meio de Jesus, o justo, que morreu tomando sobre si todas as acusações
contra nós. Por isso, quando Deus nos olha, após nos tornarmos em nova criação,
ainda mesmo com os nossos defeitos e falhas, em Cristo, nos enxerga sem pecado
(1Co 6.11). Assim, o pecador é justificado pela graça de Deus somente, jamais
por méritos pessoais (Rm 3.21,26,28; 4.5; Gl 3.11).
*(Rm.3.20,28); (Gl.2.16);
(Ef.2.8-9).
#2.REGENERADOS PELO ESPÍRITO SANTO
1. A natureza da Regeneração: Regeneração é a ação divina de
criar um novo homem, dando-lhe um novo coração, transformando-o em nova criação
(2 Cr 5-17), tornando-o filho de Deus (Jo 1.12,13) e fazendo-o passar da morte
para a vida (Jo 5.24). Aqui, é importante distinguir regeneração da conversão.
Esta é a resposta humana à regeneração no processo de salvação, que é voltar-se
inteiramente para Deus; enquanto aquela é um milagre operado por Deus na
natureza humana, um fenómeno incompreensível à mente natural (Jo 3.3,7). Logo,
Deus é o operador dessa transformação, fazendo com que a pessoa, outrora
apática para as coisas divinas, agora se encontre em plena vitalidade para com
as coisas espirituais (Rm 8.28-30; Tt 3.5).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Regeneração
A regeneração é a ação decisiva e
instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza
interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’
aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com
referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3,5 refere-se a renovação
espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de
Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que
acontece.
O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um
coração de carne’ (Ez 11.19). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e
ficareis purificados… E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um
espírito novo… E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus
estatutos’ (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a
escreverá no seu coração’ (Jr 31.33). Ele ‘circundará o teu coração… para
amares ao Senhor’ (Dt 30.6)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma
perspectiva pentecostai. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 369,370).
2. A necessidade de Regeneração: Para fazermos parte do
Reino de Deus é preciso nos tornar nova criatura e nascermos do Espírito (Jo
3.5) que opera a vivificação em nós, pois Ele é o agente da regeneração. O
Espírito Santo faz brotar entusiasmo espiritual e vida abundante (Jo 7.38),
onde outrora havia morte, ofensa e pecado (Ef 2.1). É o agir do Espírito pela
Palavra que faz germinar vida no coração do salvo (Tg 1.18).
*O ser humano é um ser
tricotômico, ou seja é “composto” de corpo, alma e espírito, o espírito é o que
diferencia o homem das demais criaturas (Pv.20.27); (Jó.32.8), é por ele que
nos relacionamos com Deus (Rm.8.16); (1Co.2.9-12).
Todos nascemos em pecado,
afastados de Deus e destituídos da sua glória Dele (Rm.3.23), pois herdamos a
natureza adâmica embora nascemos com vida “na carne”, todavia nosso espírito
está “morto” para com Deus, é que chamamos de morte espiritual, ou seja, a
pessoa está viva fisicamente, mas não tem vida espiritual, não tem comunhão com
Deus (Ef.2.1-3); (Ef.4.17-24); (Cl.2.13).
E só podemos ter vida
espiritual, se nos reconciliarmos com Deus, se recebermos Jesus como Senhor e
Salvador de nossas vidas, tendo nossos pecados perdoados pelo sangue de Jesus,
sendo assim, recebemos o Espírito Santo que há de nos “gerar de novo”, nos
fazendo uma nova criação, e é aí então, que nos tornamos filhos de Deus.
(Jo.1.11-13); (Rm.5.8-11); (2Co.5.17); (Ef.2.4-5); (1Jo.4.13).
3. Consequências da Regeneração: É possível verificar se
somos regenerados por meio de algumas mudanças que passam a fazer parte do
nosso viver: o amor intenso a Deus (1Jo 4.19; 5.1); o amor pelos irmãos (1Jo
3.14); a rejeição das coisas mundanas (1Jo 2.15,16); o amor à Palavra de Deus
(51119.103; 1Pe 2.2); o amor pelas almas perdidas (Rm 9.1-3); o desejo de estar
em comunhão com Deus e adorá-lo (SI 42.1,2; 63.1; Ef 5.19,20); a vitória sobre
o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho (1Jo 5.18; Cl 5.16;
2 Co 5.17); o conhecimento da vontade de Deus (1Co 2.12); o testemunho interior
do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Rm 8.16); o intenso
interesse de praticar a justiça (1Jo 2.29). Claro que não somos perfeitos e que
muitas vezes nos depararemos com a impossibilidade de manifestar essas mudanças
o tempo todo, mas substancialmente elas estão presentes na regeneração da
pessoa.
*A principal característica de
uma pessoa que foi regenerada é o amor, que se difunde em amar a Deus e ao
próximo, quem é nascido de Deus deve amar, pois Deus é amor (1Jo.3.14);
(1Jo.4.7-8). O amor a Deus fará que vivamos em santidade, isto é, em novidade
de vida, abandonando e rejeitando as velhas práticas do pecado (2Co.5.17);
(Ef.4.17-32); (Cl.3.5-17).
#3.SANTIFICADOS EM CRISTO
1. Uma consequência da salvação: A santificação é o processo
pelo qual o crente se afasta (separa) do pecado para viver uma vida
inteiramente consagrada a Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Rm
8.29). É um processo de cooperação entre o crente e o Espírito Santo que se
inicia no momento da justificação do salvo, isto é, Deus vê o crente como
santo, ainda que a santidade dele precise ser aperfeiçoada (Ef 4.12). No
processo de conversão, a santificação é outorgada ao cristão porque Deus o vê
santo, separado e amado por Ele, o nosso Pai (Cl 3.12). Nesse sentido estamos
firmados em Cristo e os pecados não têm mais lugar em nossas vidas (1 Jo 3.6).
*Na teologia é chamada de
santificação posicional pois é o primeiro aspecto da santificação, também
chamado de santificação passada ou instantânea. É posicional porque acontece
uma mudança no ser humano, de pecador para santificado em Cristo (At 26.18; 1Co
1.2). É a santificação que ocorre quando o pecador recebe, pela fé, a Jesus
como Senhor e Salvador pessoal (1 Co 1.30). Todos nós, salvos em Jesus, somos
santos, e é assim que somos reconhecidos no Novo Testamento (At 9.13,32,41) e é
dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes nas suas epístolas (Rm
1.7).
A base dessa santificação é o sacrifício de Jesus (Hb 10.10,14), mas ela
é obra do Deus trino e uno por ocasião da conversão do pecador a Cristo (Jo
17.17; 1 Co 6.11; 1Pe 1.2).
Ao aceitarmos o sacrifício de
Cristo, temos nossos pecados purificados, somos lavados, limpos de toda
imundícia do pecado (2Co.5.17); (1Jo.1.9) e somos reconciliados com Deus.
(Cl.1.13 O qual nos tirou da
potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; 14
Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados).
2. Um esforço pessoal: As Escrituras revelam que devemos
almejar e priorizar a santificação (Hb 12.14), pois a nossa natureza pecaminosa
insiste em resistir a esse processo (Rm 7.14,21). Deus anela pela santificação
dos seus filhos, não por capricho divino, mas porque o pecado nos fere de morte
e o nosso Pai de amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos no pecado,
pois isso contraria sua natureza amorosa. Assim, para sarar a ferida do pecado.
Ele enviou o seu filho para nos libertar do pecado a fim de vivermos uma vida
santa.
CONHEÇA MAIS
O Processo da Salvação
“A obra do Espírito não cessa quando
a pessoa reconhece sua culpa diante de Deus, mas vai crescendo a cada etapa
subsequente. […] No momento da conversão, nascemos de novo, desta vez o
nascimento no Espírito. Ao mesmo tempo, o Espírito nos batiza no corpo de Jesus
Cristo, que é a Igreja. Instantaneamente, somos lavados, santificados e
justificados, e tudo isto mediante o poder do Espírito.” Leia mais em Teologia
Sistemática: uma perspectiva pentecostal, editado por Stanley Horton, CPAD, pp.
424,25.
3. O desafio de sermos santos: Às vezes achamos que podemos
ser continuamente bons e santos (1Jo
1.10). Na verdade, a nossa meta deve ser
essa, mas não podemos deixar de reconhecer que somos simultaneamente justos e
pecadores, ou seja, em Cristo, Deus nos vê absolutamente santos; no entanto, em
relação à nossa natureza inclinada ao pecado, nossa santificação sofre revezes
(Rm 7.15). Por isso é exigido um esforço pessoal e dependência contínua do
Espírito Santo para sermos santos.
*É possível ser santo? Sim! É
possível. E deve ser o desejo de todo cristão se parecer com Jesus e ter uma
vida santa, assim como o Mestre teve. Pela sua infinita graça, Deus concede
vida santa a todos os pecadores, desde que eles se arrependam e confessem o
nome de Jesus (Rm 10.9,10). Assim, Deus disponibilizou três meios para a santificação:
A) o sangue de Jesus: "E, por isso, também Jesus, para santificar o povo
pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta" (Hb 13.12); B) o Espírito
Santo (2 Ts 2.13); C) a Palavra de Deus (Jo 17.17; Ef 5.26). O Senhor nos
forneceu todos os recursos necessários para uma vida santa e separada do
mundanismo (Rm 12.1,2).
A) O Sangue de Jesus: O
sacrifício de Jesus é eficaz (Hb.9.11-14; Hb.10.10-12)
(1Jo.1. 7 Mas, se andarmos na luz,
como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado).
B) O Espírito Santo:
Convence-nos do pecado (Jo.16.8); e nos ensina, guia e lembra-nos da verdade
que é a palavra de Deus (Jo.14.26; Jo.16.13).
(1Co.6.9 Não sabeis que os injustos
não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os
idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, 10 nem os
ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus. 11 E é o que alguns têm sido; mas haveis
sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em
nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus).
C) A Palavra de Deus:
(Sl.119.9-11); (Jo.17.17); (Ef.5.25-27); (Tt.3.3-7)
(Jo.17.17 Santifica-os na tua verdade;
a tua palavra é a verdade).
Na ressurreição, seremos
completos, e isso é extensivo à santificação, quando o Senhor Jesus declara
"que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo
glorioso" (Fp 3.21). É nessa ocasião que veremos a Deus como Ele é (1Jo
3.2). Essa é a nossa esperança.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Santificação
A santificação precisa ser
distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento
em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê
esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em
novidade de vida em Cristo (Rm 6.6-10). É uma mudança que ocorre “de uma vez
por todas’ na condição legal ou judicial da pessoa de Deus. A santificação, em
contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado,
momento a momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que
havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros,
entre o homem e si mesmo, entre o homem e a natureza” (Dicionário Bíblico
Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1762).
CONCLUSÃO: Convêm que os crentes, como pessoas justificadas,
regeneradas e santificadas, demonstrem ao mundo perdido, por meio das
consequências positivas que esse processo de salvação traz sobre nossa vida,
que somente Jesus pode salvar e transformar o pecador.
Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica
Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Missões)
Cristais – Mg 29/11/17
Gmail: tiagoluispereira1@gmail.com